sábado, 15 de setembro de 2012

O Homem-Corredor




você saiu na hora do Jornal Nacional da minha vida, e não voltou mais. Lhe esperei até depois da novela das oito. E, em seguida, depois da Tela Quente. E até aproveitei a Tela Quente para assar pãezinhos na chapa e fazer um sanduíche de provolone. Debalde. Preparei aquele mate especial que você gosta. E movi as peças no tabuleiro até o rei não poder mais. É. Você sabe o quanto gosto de jogar quando estou sozinho. Jogar comigo mesmo. Comigo Mesmo sempre ganha. Eu perco. É uma forma de me educar para a vida. E pensar que podia aproveitar melhor aquela abertura com quem ainda não provou da manha. É impressionante como minha criatividade é informação. Preciso tirar as teias de aranha de perto dos neurônios. E seguir em frente. E seguir em frente não será mera repetição ou acúmulo. Mas, se ameaço perder tua lembrança, passo mais tempo nos corredores, para que tua ausência nunca me abandone. Almoço e janto nos corredores. Trabalho. Vivo neles. Desfruto folgas. Passo férias. Confesso, uma vez mandei instalar microjanelas. E só então percebi o quanto estava a te trair. Ceguei-as. Não posso ficar mais nem um minuto sem a tua ausência. E, logo, que qualquer semelhança com aquele vizinho anêmico, assessor da Câmara de Vereadores -- sim, o que leva a mulher para o Danadim no fim de semana -- seja extirpada de vez

como deve ser em casos assim

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