segunda-feira, 3 de setembro de 2012

5 fatias do bolo de novas da madrugada



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Hoje morreu Hal David, que escreveu a letra da magnética “Rain Drops Keep Fallin' on My Head”.
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Um terço dos brasileiros estão encalacrados em dívidas, segundo o Banco Central.
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Com o péssimo sistema educacional à nossa volta, estima-se que só 17% dos alunos encerra o ciclo básico com um domínio efetivo da matemática.
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Carlos Heitor Cony, que é daqueles escritores mais importantes em depoimentos que em livros, aparece em uma entrevista hoje. Mais uma. Desta vez no Globo. Cony, que é colunista da Folha, esteve tão próximo do presidente ao tempo de Juscelino, que chega a ser retórico o anarquismo que revindica para si. Ainda assim, por essa mesma razão, ele sabe de muitos rumores e bastidores. E joga com isso. E bem. Mas não existe algo como um estilo em Cony. E ele encerra a entrevista dizendo que, aos 86 anos e com câncer, só espera a morte e o Nobel. E que o Nobel não virá. 
Embora deselegante dizer, isto é certo: o Nobel sequer passa perto de Cony. E Ele é daqueles escritores que se gosta, com muitos descontos, do que costuma dizer. E também se desgosta um bocado. E, convenhamos, isso não deixa de ser uma virtude num país em que os escritores são apenas "gente boa" em seus previsíveis depoimentos públicos.
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São Gonçalo do Amarante verá sua população quadruplicar nos próximos dez anos. Passará a cerca de 200.000 habitantes. A cidade, é a sede de um município  que abrigará além do terminal portuário, já em operação no Pecém: uma siderúrgica, uma refinaria (estas procrastinadas à exaustão), duas usinas termelétricas (uma já em funcionamento) e um polo industrial em acelerada montagem. A região do Pecém e da Taíba atravessa uma muda de pele vertiginosa. Com todas as vantagens – e, num primeiro transe, as enormes desvantagens – que uma pequena cidade atravessa nessas circunstâncias de exorbitante crescimento econômico para praticamente nenhuma planificação: poluição (inclusive em sua faixa de praia), especulação imobiliária, falta de escola, de transporte,  de saneamento, de áreas de lazer,  de iluminação pública, de hospitais, complicações de tráfego, etc. Não há agenda ou interesse por uma planificação mais consequente neste país. E São Gonçalo, que não é excepção, já constitui um verdadeiro caso de estudo sobre mutação urbana no estado. Há valas de esgoto a céu aberto, lixo acumulando-se fora de aterros, loteamentos em áreas de risco ou de preservação de mananciais, etc. Para complicar, aquela era uma bela região de lagoas, dunas, mangues e pântanos. Para onde convergem pequenos rios, como o Siupé, concentrando em suas margens uma flora e fauna únicas e delicadas. Para não falar de um sem número de lagos e lagoas sazonais, que brotam ou se expandem consideravelmente durante a quadra de chuvas. Se a classe média alta buscou, do outro lado, o Porto das Dunas, para morar e veranear; a indústria apossou-se do lado inverso, que, ironicamente era até mais belo. É lazer x trabalho. Ou ainda quem mais trabalha sustentando a folga do pessoal de vida mansa. Ou, para todos o efeitos, a banda rica da cidade à leste a contrapor-se à pobre, no oeste.
Além disso, ambos os "Portos" balizam a expansão dos limites da Região Metropolitana de Fortaleza junto ao mar: a Oeste, Porto do Pecém, em São Gonçalo; a Leste, Porto das Dunas, em Aquiraz. 
Ainda que não haja nenhum porto no Porto das Dunas.

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