sábado, 29 de setembro de 2012

Ainda Sobre Gabriela 2012



esqueci de dizer no artigo sobre Gabriela, até porque não estavam muito nítidos:

-Zarolha (Leona Cavalli) tem um sotaque deplorável

-Os ingredientes de folhetim adicionados fazem mais sucesso, e pegam mais no breu que a trama original do romance. À notável exceção do episódio do Dr. Osmundo e Dona Sinhazinha. Mas estes morreram ainda de junho para julho, no ano da novela. Ontem, já estávamos para lá do Ano Novo seguinte, e as irmãs dos Reis já demontavam o presépio. E além deles, só o idílio entre o Professor Josué e Glorinha, dentre os personagens originais, garante algum pano para manga. Por outro lado,  o invertido Miss Pirangi (Gero Camilo) e o romance entre Lindinalva e Juvenal roubam a cena e garantem audiência

-A caricatura-mor dos coronéis torna-se popular e até figura cômica na pessoa de Wilker

-Ele polariza com Dona Doroteia Leal, encarnada pela veterana Laura Cardoso, sempre mascando um "Jesus, Maria, José". Laura compõe personagens muito rentes entre si. Senão a mesma. De uma para outra novela. Uma velha amarga e maliciosa, um tanto desbocada. Mas que assusta e fascina pela abjeção que desperta. Cardoso é o tipo da atriz ideal para folhetim. E isso, no entanto, não é nenhum demérito. É bem mais um elogio. Pois muito desses atores põem seu fetiche de qualidade em um teatro que será esquecido, enquanto o folhetim eletrônico, que desprezam, é o que interessará o futuro quase que exclusivamente. E é quem, de fato, os irá preservar no formol da memória

-No capítulo de ontem houve um momento em que estavam a conversar na igreja Mundinho (Mateus Solano), Dona Conceição (Vera Zimmermann) e Gerusa (Luiza Valdetaro). E é curioso que ao menos os dois primeiros venham de famílias judias. E, no caso de Solano, uma mistura entre judeus e nordestinos (os Carneiro da Cunha da Zona da Mata, mencionados no Fogo Morto de José Lins do Rego)

-Por fim, Vera Zimmermann, a mãe de Gerusa na trama, é a musa de “Vera Gata”, canção de Caetano aí dos 80. Dá certa nostalgia vê-la sob a melodia de “Coração Ateu” toando numa gaita ao fundo. (A manutenção da trilha sonora original não tem como não bulir com saudades que não gravitavam em torno da gente faz tempo. E, de repente, despertam da hibernação. Ah, latências).


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