sábado, 14 de maio de 2011

Se nesses casos há um quê de faz-de-conta

[s/i/c]


O Lapso


Certa noite em que a lua formosa e redonda, veio dar em cheio na tua varanda, cansado da página, resolveste o passeio. E do alto da colina miraste o bairro. Da forma como, de cima, o mundo parece ordenado. O riacho. O bosque. As ruas. A falésia prefaciando o mar. Mas eis que um vulto veio correndo em tua direção. Passou por ti. E desapareceu nos arbustos. Perplexo ouviste passos. De que fugia ele? O mundo anda bem violento. E logo outro vulto também cruzou teu caminho e desapareceu no bosque, perto de onde o primeiro. Muito te atravessou, em suma. Seria apenas uma brincadeira de namorados? Mas então por que tanta pressa se nesses casos há um quê de faz-de-conta? E se o segundo portasse uma arma? Ah, bom, nos dois casos, de certa forma, havia um porte de arma. E o primeiro levava uma dianteira considerável, além de correr mais rápido. E, quem sabe, o melhor a fazer em casos assim, não sacar o celular: informar a polícia não seria desperdiçar o dinheiro do contribuinte? Afinal, fosse assassinato ou namoro, depois de tanta cisma, tudo já teria se consumado.

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