sexta-feira, 13 de maio de 2011

Ouros e azuis a reluzir intimidades

[s/i/c]



Divagação e Fogo


Será que há algo mais bonito do que um casal sozinho, perto do que está sendo preparado ao fogão. A chama com aqueles ouros e azuis reluzindo intimidade? Traduz mais votos de estar juntos do que anéis de pedras e cerimônias. Acho que para sempre minha imagem, não para o amor -- esse contentamento descontente -- mas para algo ainda maior, ainda melhor, ainda mais impossivelmente possível -- um contentamento, afinal, contente -- será a de um casal -- e, aqui, minha camarada, meu camarada, que diferença faz sexo, idade, crisma, crença, matrimônio -- junto desse fogo amarelo e azul, que parece dizer, no seu consumir-se: tudo vale, só por querer bem. "Só por fazer convosco eterna liga", como dizia, no fim, o único poeta da língua.
Antigamente, quando havia outras sabedorias, recenseava-se as casas por fogos:
Há trezentos fogos na Vila de Aquiraz”.
Morro de saudade de Fortaleza quando estou distante. Inevitável. Por mais intratável e inóspita que a cidade se tenha tornado. Há uma doçura, uma cota de brisa à noite, se não está para chover, difícil de achar em qualquer outro lugar deste azulado planeta. 
Por causa de você, Fortaleza. E, em Fortaleza, você.


Tudo o mais esfinge-se. 


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