terça-feira, 31 de maio de 2011

Que cria sua própria duração: Le Clézio

Nicolas de Staël, década de 50


O duplo olhar


C'est regard des autres est en partie a l'origine du regard qu'on porte sur soi-même. […] Le regard de l'autre est devenu regard de soi. […] C'est cette action se retournant sur elle même, ce état de schizophrénie partielle, qui constitue la première étape vers la lucidité. La conscience de soi reste sociale pour une bonne parte; mais elle est aussi une accomplissement de soi. On est spectacle pour soi, comme on est spectacle pour les autre. Comme tout acte, l'acte de pensée n'est effectué vraiment qu'a partir de l'instant où il est devenu exact. C'est-à-dire a partir de l'instant ou il est senti comme acte créant sa durée. Il n'y a point de pensée. De même qu'il n' y a point de paroles, point de gestes qui ne soient comme tels. […] Etre, ce être soi par l'autre. Ce être doublement.

[J.M.G. Le Clèzio, L'extase matérielle]

[Esse olhar dos outros está na origem do olhar que temos sobre nós mesmos. […] O olhar do outro se torna um olhar de si. […] É essa ação revirando-se sobre si mesma, esse estado parcial de esquizofrenia, que constitui a primeira etapa até a lucidez. A consciência de si resta social em boa medida, mas ela é também uma conquista pessoal. Nós a representamos para si, como nós a representamos para os outros. Como todo ato, o ato de pensar não se efetiva verdadeiramente senão no momento em que se torna exato. Quer dizer, a partir do instante em que ele é pressentido como ato que cria sua duração. Não há um apoio para o pensar. Assim como não há um apoio para as palavras, apoio de gestos que são como são. […] Ser é ser-se através dos outros. É ser duplamente.]


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