sexta-feira, 28 de agosto de 2009

O social lança sobre o relativo a cor do absoluto: Weil


Wols, Camp de Milles, 1940



Três Citações de Weil



i.

“A arte não tem futuro imediato porque toda arte é coletiva e já não há vida coletiva (há apenas coletividades mortas), e também por causa da ruptura do pacto verdadeiro entre o corpo e a alma. A arte grega coincidiu com o começo da geometria e com o atletismo, a arte da Idade Média com o artesanato, a arte da renascença com o começo da mecânica, etc. Depois de 1914, há um corte completo. A própria comédia é mais ou menos impossível: só há lugar para a sátira (quando foi mais fácil compreender Juvenal?). A arte só poderá renascer do seio da grande anarquia – épica, certamente, porque a infelicidade terá simplificado muitas coisas... É inútil de sua parte, portanto, invejar Da Vinci ou Bach. A grandeza, em nossos dias, deve tomar outros caminhos. Aliás, ela só pode ser solitária, obscura e sem eco... (ora, não há arte sem eco).” [p. 169]

ii.

É o social que lança sobre o relativo a cor do absoluto. O remédio está na ideia de relação. A relação sai violentamente do social. É monopólio do indivíduo. A sociedade é a caverna, a saída é a solidão. A relação pertence ao espírito solitário. Multidão alguma concebe a relação.” [ p. 180]


iii.

Seria preciso que o futuro chegasse sem deixar de ser futuro. Absurdo que somente a eternidade cura”. [ p.22]




Nota - extraídas de A Gravidade e a Graça [Le Pesanteur et La Grâce], Ed. Martins Fontes, 1993, tradução de Paulo Neves.



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