quinta-feira, 31 de julho de 2008

Perdidos na selva dos símbolos


Sofia Coppola, 2003



Traduzir


Uma das coisas saudáveis de traduzir: indicar ao leitor – ao menos àquele versado nas duas línguas em questão – que há sempre algo faltando. Ou fora de lugar. Essas ausências ou faltas de jeito podem ser sentidas em trechos distintos do mesmo texto. Toda tradução se compõe de uma colcha de retalhos, onde cada trecho é visto como o mais inadequado por um determinado leitor, de modo que a soma dessas inadequações forma o corpo da tradução. Mas se esse leitor é perspicaz o suficiente para perceber que até mesmo no original há algo incompleto, então, no mínimo, tem também um temperamento de artista. E pode sentir a tradução, não em suas partes isoladas - malogradas por natureza -, mas em seu sentido geral.



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