Antoni Muntadas, On Translation: Warning. 1999
Traduzir
O que torna digna a tarefa do tradutor é sentir que se ocupa com algo profundamente imperfeito. Algo que porta a marca de Caim, a confusão de Babel. E, ainda assim, se empenhar ao máximo em emprestar algum sentido àquilo que já nasce torto, deformado, com necessidades especiais. É essencial que se tenha de pensar duas ou mais vezes. Porque algumas das melhores coisas, não temos de pensar para executá-las. Mas essas são as exceções e, de todo modo, não parecem ser feitas por nós, já que surgem “automaticamente”. Como a melhor parte das grandes obras literárias parece ser feita nesse modo “piloto automático”, como querer que a tradução retenha o frescor dessa operação? Ela pode, quando muito, preservar algo do conteúdo. Mas é a forma (traduzível apenas em alusão) e não o conteúdo, quem verdadeiramente educa.
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