segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Você e ele no olho do ciclope




naquela época, eu era ele. Você já era você. E a cidade crescia apesar de já ser grande. Vê-la da enorme roda gigante parecia pouco passatempo, meio ratoeira de turismo. Que fazer? Eu havia lhe prometido. Lembra? Daí, ao olho da cidade foram: você e ele. E como era grande aquela roda:

ah, como era grande aquela roda! – ele lhe disse exatamente isso uma vez. Lembra? Foda. Foi no Cais Bar. Alguns tempos depois, conferindo fotos. Ele riu. Você riu. Aquele risinho gutural, nervoso, absolutamente encantador, que você ainda quase ri. Assim meio social. Para recompor coisas. E logo olhou relanceado, um pouquinho rubra, para a amiga advogada, que não riu de jeito nenhum, pois também tinha lá suas apostas e investimentos. Mas, então, eles não podiam mais nada. O destino já se ocupara deles.

lembrar era uma espécie de esporte, e lhe irritava. Você queria por que queria que a minha vida reestreasse numa espécie de a.A. e d.A. E ali seria só a pré-estreia. Mas ele tinha certo receio. E Camocim como ficava? E as viagens para o mundo vasto? E ele não entendia seu esforço por parecer menos complexa, e mais, digamos, extrovertida. E, todavia, você gastava muita energia nisso. E não havia quem lhe demovesse disso. E isso parecia um selo grudado à sua testa. Uma espécie de IS0 9000 da prudência com alguma anfetamina. E umas poucas de prescrições do terapeuta. Sei não. Como afloram essas coisas que a gente quer esconder, mas transbordam pela comporta com a torrência do Amazonas. E que viria depois de emocionante na vida deles, além dos filhos?

você ganhou um carro num sorteio. 

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