quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Feito bumerangue e reflexos: gente com noção




Gente com noção ia até o blog dela. Diariamente. Tomava ideias de lá. Levava para outros cantos, assumindo a autoria. Sem créditos. Faz parte. 
Gente com noção. 
Isso de copiar ficou mais acessível com a Tia Nete. E quase todos pensam com pés de barro. E há sempre uma tênue margem de assimilar, que não era o caso. Ou de não tomar a benção.
Mas ela, que nunca teve noção de nada, apenas era condenada. E por supostamente basear aqui, lá, algumas personagens em vagas noções, gestos e sestros de amigos, conhecidos, casos, ex-afetos, desafetos, colegas do trabalho: ela era gente sem noção. Uma indiscreta, é o que era. É.
À sua vez, Fulana, as pessoas com noção querem sempre aparecer imaculadas, odoríficas, olímpicas, limpas, naqueles comentários que acabam chegando de volta, feito bumerangue ou reflexos. De oitivas. Feito ioiôs trazendo de volta as sílabas lambuzadas de desafeição, fígado, pequenas inofensivas maldades. E é aquele negócio de ninguém ter levado porrada. E também nas fotos, nos textos, e até nos mexericos eletrônicos. Imaculadas de diversos modos. Como Nossa Senhora da Assunção. Ou Alessandra Ambrósio. Ou o Negrinho do Pastoreio. Ou mesmo Karl Marx, Justin Bieber, Jean Dujardin – se são um pouco mais novas, creio. Ou mais canastronas, no terceiro caso. Talvez. Ainda que nas entrelinhas. Ou, no mínimo, bem depois. Depois que suas atitudes, tiques, taques hajam sido devidamente photoshopados. Porque se tem uma trilha que todos seguem, é por onde quebrar castanhas para parecer bom, belo e mais ou menos justo. Uma photoshopagem moral. Não é assim que funciona? 

Afinal, para todos os mortais que não dormiram com a gente, a gente não é mais que a propaganda da gente. Risco. E um riso opaco. Oco. Às vezes amarelo.

Quando muito.

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