sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Alguna poesia de Fortaleza, alguns pés na água: Diego Vinhas


Webflyer do lançamento da antologia Meio-Dia



Alguna Poesia de Fortaleza


Será lançada hoje, 30 de outubro, no Café da Livraria Lua Nova, às dezoito e trinta, a antologia bilíngue [não me conformo com a limagem do trema] de poemas Meio-Dia, impressa pela Editora Vox, de Bahia Blanca, Argentina e organizada por Diego Vinhas. Um recorte pontual e elegante da polifonia e diversidade de vozes e estilos de gente que, em tempos recentes, andou cometendo versos aqui pelo Forte. Nela estão presentes Henrique Dídimo, Eduardo Jorge, Carlos Augusto Lima, Rodrigo Magalhães, Rodrigo Marques, Diana Mello, Virna Teixeira, Xênio Ruysconcellos, Eli Castro, Júlio Lira, Manoel Ricardo de Lima e Cândido Rolim. 

Ressalte-se a extrema elegância do editor, Diego Vinhas, ao não se auto-incluir. Diego, que é uma voz mais que interessante na cena poética brasileira e local, com seu instigante livro de estreia, Primeiro as coisas morrem [Sette Letras, 2004]. Diego, com esse futebolístico prenome, também frustrado torcedor de tricolores que começam com a letra "F": Fortaleza e Fluminense, flamantes candidatos respectivamente à 3ª e à 2ª divisão neste ano da Graça de 2009. 

Publico abaixo um poema de que gosto muito e, ainda melhor, me foi gentilmente dedicado por Diego Vinhas, frustrado torcedor de tricolores, mas que, da varanda de seu apartamento, divisa uma magnífica vista da enseada do Mucuripe, com seus barcos oscilando à distancia, a usina eólica ao fundo, navios fundeados ainda mais ao largo e a risca do mar a limiar um horizonte:



Dos Barcos

para Ruy Vasconcelos


alguns oscilam

no raso. alguns têm

o ventre na areia e

descamam ao sol,

menos barcos que

lagartos. alguns,

todos, um nome de

mulher, algumas

mulheres, uma, que

embaraça cheiro de

homem e maresia.

enquadro da varanda:

esquiva-se do postal

a siesta de cascos no

esgarçar da tarde-

noite. (o Estela gasto

da cachaça e lagos-

tins). seca, uma canção

para nunca. dos ho-

mens, dos barcos, a

vida em fogo baixo.

alguns pés na água.



* * *

Um comentário:

  1. Baita poema do Dom Diego, Ruy. e foi bonito o encontro, hein? abç
    Cândido.

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