Por
que calei, venho me calando faz tempo
sobre
o que é evidente e já se encontra em plano
de
execução, e para o qual nós, os sobreviventes,
não
passamos de notas de rodapé?
Assim
começa o poema de Günter Grass contra a política bélica do Estado
de Israel. Notadamente a determinação atual de Israel: bombardear o Irã
como medida preventiva. O tema, áspero, recorre. O poema, intitulado
“O Que Deve Ser Dito”, tem causado polêmica desde quarta-feira
passada.
O governo de Israel, em contrapartida, determinou a proibição da entrada de Grass em seu território. E, no entanto, o poema, vindo justamente de um autor alemão que ousou tocar nas feridas históricas da época da II Guerra, e posto no tom ponderado em que segue, promete abrir uma nova ambiência retórica em torno de questões ligadas aos judeus e ao Estado de Israel. Uma em que se supere definitivamente certo excesso de zelo ou escrúpulo, certas cautelas e ambivalências históricas. Como a de entender impossível dissociar, de um lado, críticas bem fundamentadas a um projeto nacional (nem sempre conduzido com razoabilidade); e, do outro, o antissemitismo.
O governo de Israel, em contrapartida, determinou a proibição da entrada de Grass em seu território. E, no entanto, o poema, vindo justamente de um autor alemão que ousou tocar nas feridas históricas da época da II Guerra, e posto no tom ponderado em que segue, promete abrir uma nova ambiência retórica em torno de questões ligadas aos judeus e ao Estado de Israel. Uma em que se supere definitivamente certo excesso de zelo ou escrúpulo, certas cautelas e ambivalências históricas. Como a de entender impossível dissociar, de um lado, críticas bem fundamentadas a um projeto nacional (nem sempre conduzido com razoabilidade); e, do outro, o antissemitismo.
O
poema pode não ser nenhuma obra-prima literária. Mesmo se tomado do
ponto de vista de uma retórica agitprop. E, no entanto, está claro
que não se trata de um libelo antissemita.
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