segunda-feira, 30 de abril de 2012

Aparências nem sempre enganam



Depois da cheia ele perdeu tudo. A seguradora alegou que não cobria Tudo. Havia uma cláusula contra Tudo, caso Tudo ocorresse. Seguradoras propõem cláusulas e nutrem grande aversão às simultaneidades. E, então, ele saiu remando sem ânimo com aquela cara de quem comeu e não, típica dos que foram asperamente traídos pela mulher. E pela mulher com o melhor amigo. Como se isso de um esporte consistisse. E havia algo de uma ave um pouco gorda, assexuada e em seu semblante. Como um capão. Triste. As coisas não melhoraram no estio. A mulher prosseguiu cercas pulando. O amigo a malversar verbas no escritório, e dormir com a mulher. E ele não sabendo de nada em aparências. Quer dizer, sem café com leite, ele já não sabia mais o que fazer ou como. A não ser, de desentendido. Como manda a querida Prudência. Perdê-la, seria perder boas chances de negócio. E a ópera prosseguia. Era desentender-se em excesso para não perder a mulher. E Prudência se envolvia cada vez mais com o sócio e, por sua vez, lhe deixava amplas noites para se divertir. Era como voltar ao secundário. Até ele dizer chega? Mas para quê, se a vida não é muito mais que isso, essa fina arte de manter as aparências que nem sempre enganam? Por um outro grampo, seguro, era ele quem enganava a todos. 


E cada um acha estranhos consolos nesta vida.

2 comentários:

  1. não gosto dessa ilustração. nem desse tema. já tem gente demais obcecado com isso. por que vc não mantém distância regulamentar?

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  2. por que esse é, salvo engano, o meu blog. ainda não é só seu, entende? ou vai folgar mais?

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