O
jovem padre esguio, em mangas de camisa, metido num colete e calças
justas, salta serelepe de um lado para outro do palco-altar com
artimanhas de pastor. Há algo de Elvis nele, a comandar a banda onde
desponta o sax. Pode-se mesmo ouvir alguns grunhidos do tipo: "Uhh-yeahh". E ao
final do hino de entrada:
-Bem-vindo,
Povo do Senhor!
Não
há homens entre o Povo do Senhor, afora os da banda.
No
Povo do Senhor, as mulheres são esmagadoramente velhas e feias. Ou de meia-idade e simpáticas, para alguns homens de boa vontade. E quando dançam, balançando os braços na
estilizada coreografia dos hinos, metros quadrados de pelanca e graxa, se
somados, poderiam empanar as câmeras.
Mas não empanam. E elas dançam e dançam. Batem palmas. E acompanham o padreco serelepe de camisa vermelha, cuja gola clerical é o único indício de sacerdócio.
Ele poderia ser filho delas. Mas o jogo parece ser outro. Elas sorriem cor de terra ou francamente amarelo. E a câmera as toma em bater de retirada e plongée antes de passar para o intervalo. Como se tivesse vergonha delas.
Na volta do intervalo há, no entanto, uma bela mulher, de branco, óculos escuros, composta, bem na primeira fila. Para onde irão seus devaneios quando, volta e meia, saem do recinto? Mistério. Ninguém sabe. Às vezes, ela parece muito longe. Intangível. Mas não é difícil notar que o câmera achou uma mira.
Mas não empanam. E elas dançam e dançam. Batem palmas. E acompanham o padreco serelepe de camisa vermelha, cuja gola clerical é o único indício de sacerdócio.
Ele poderia ser filho delas. Mas o jogo parece ser outro. Elas sorriem cor de terra ou francamente amarelo. E a câmera as toma em bater de retirada e plongée antes de passar para o intervalo. Como se tivesse vergonha delas.
Na volta do intervalo há, no entanto, uma bela mulher, de branco, óculos escuros, composta, bem na primeira fila. Para onde irão seus devaneios quando, volta e meia, saem do recinto? Mistério. Ninguém sabe. Às vezes, ela parece muito longe. Intangível. Mas não é difícil notar que o câmera achou uma mira.
O
padrezinho agora alisa caprichosamente uma vela enorme, bem espessa, calcada dentro
de um vasto candelabro dourado:
-Este
é o Círio Pascal, vai estar nas igrejas até Pentecoste, irmãos!
Não chamem de vela grande. É círio: O Círio Pascal! – admoesta
ele, enquanto os dedos escorrem ao longo da cera, acima e abaixo.
As
mulheres no auditório do estúdio olham visivelmente comovidas para o
Círio Pascal e suas fartas dimensões.
O
Domingo de Páscoa finalmente ganhou novo sentido.
Depois
o padrezinho serelepe, já devidamente metido numa rica batina branca e dourada,
com amito, alva e tudo mais, apresenta-se para missa.
De pé, irmãos. É tempo de fé.
De pé, irmãos. É tempo de fé.
visitas diárias ao seu blog.
ResponderExcluirora, o que é isso, joice. bastava passar dia sim, dia não.
ResponderExcluiruma boa páscoa para os seus e você!