Lygia Pape, Em Laranja e Azul, 1956
Lygia em Londres
Lygia Pape ali, aqui, em Londres.
Há leveza, certa inexplicável alegria, arejamento. Uma solaridade, uma brincadeira. A obra desses neo-concretistas - Oiticica, Clark, Weissman, Amílcar de Castro, Jardim - vaza do formalismo racional, abstrato, europeu, utópico para a sensualidade concreta e cósmica e americana. A proposição da própria utopia na carne da obra. E na carne da obra, a carnadura das ruas. Dos dias. Uma luz e fiança tão pertinentes ao Brasil dos anos 50 e 60. Aquela vontade de ir mas allá, que é instantânea e impulsivamente naïf e um bocado cultivada ao mesmo tempo.[1] E há uma espécie de brincadeira com a bandeira do Brasil, que cada um porta à sua maneira e bel-prazer. De diferentes formas, argumentos, estilos...
Saudades de quando este país possuía artistas tão incisivos quanto Lygia. De sua arquitetura dobrada em origames, das cores básicas, das formas simples, da pouca sisudez diante da pompa do programa concretista.
E essa espessa, estupenda necessidade de alegria, mesmo que.
E essa espessa, estupenda necessidade de alegria, mesmo que.
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[1] O Brasil era, então, a terra desses "aos mesmos tempos", dessas compositividades impossíveis. E elas se encontram no fulcro da utopia brasileira expressa pela geração que começou a ser jovem ai pelo final dos anos 50.
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