sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Suficienciando este nosso mundo mortal: Auden


Nan Goldin, Nan and Brian in Bed, 1983



Lullaby


Lay your sleeping head, my love,

Human on my faithless arm;

Time and fevers burn away

Individual beauty from

Thoughtful children, and the grave

Proves the child ephemeral:

But in my arms till break of day

Let the living creature lie,

Mortal, guilty, but to me

The entirely beautiful.


Soul and body have no bounds:

To lovers as they lie upon

Her tolerant enchanted slope

In their ordinary swoon,

Grave the vision Venus sends

Of supernatural sympathy,

Universal love and hope;

While an abstract insight wakes

Among the glaciers and the rocks

The hermit's carnal ecstasy.


Certainty, fidelity

On the stroke of midnight pass

Like vibrations of a bell

And fashionable madmen raise

Their pedantic boring cry:

Every farthing cost,

All the dreaded cards foretell,

Shall be paid, but from this night

Not a whisper, not a thought,

Not a kiss nor look be lost.


Beauty, midnight, vision dies:

Let the winds of dawn that blow

Softly round your dreaming head

Such a day of welcome show

Eye and knocking heart may bless,

Find our mortal world enough;

Noons of dryness find you fed

By the involuntary powers,

Nights of insult let you pass

Watched by every human love.


W. H. Auden



Acalanto


Deita tua cabeça adormecida, meu amor,

Humana em meus braços sem fé;

Tempo de febres a queimar então

A singular beleza de

Crianças pensativas, e a cova

Prova quão efêmera a criança:

Mas em meus braços até o raiar do dia,

Que a criatura viva aninhe-se,

Mortal, culpada, mas para mim

Integralmente bela.


Alma e corpo não têm fronteiras:

Para amantes que jazem sobre

Sua tolerante vertente encantada

Em ordinária calma,

Solene a visão que Vênus envia

De simpatia sobrenatural,

Amor universal e esperança;

Enquanto um lampejo abstrato desperta

Entre geleiras e rochedos

O êxtase carnal do eremita.


Decerto, fidelidade

Ao toque da meia-noite passa

Como o dobrar de um sino

E dândis loucos alteiam

Seu enfadonho alarido pedante:

Cada quarto de centavo custa,

Tudo que as temíveis cartas prevêem,

E deve ser pago, mas que nesta noite

Nem um sussurro, nem uma idéia,

Nem um beijo ou expressão se percam.


Beleza, meia-noite, a visão morre:

Deixa a cruviana que sopra

Suave sobre tua cabeça em sonhos

Mostrar um dia bem-vindo

Ao olho, abençoando o peito que pulsa,

Suficienciando este nosso mundo mortal;

Luas de aridez te encontrem nutrido

Por forças involuntárias,

E que passes noites de insulto

Assistidas por todo humano amor.




* * *

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