Condição Fevereira
Fevereiro: dispersão. O ano, de fato, ainda não começou. Em Fortaleza, no entanto, a exemplo de janeiro: um mês para emigrados em férias. Ou de retorno. Para reencontrar amigos. E, além do calor, de certa dispersão-ambiente, da expectativa pré-carnaval - e pré-festival de jazz -, da chuva lavando dias lapidados a sol e quartzo, o fevereiro deste 2007 reservou umas poucas de especiarias.
Inconsútil presença
Show de Kátia Freitas no Centro Cultural BNB há duas semanas. Guardou charme intimista. Também um progressivo desabrochar para a musicalidade de Fortaleza. La Freitas abriu com releitura de bela canção de domínio público (“Capineiro de meu Pai”). Passeou pela esplêndida e passional “Mãe”, de Caetano Veloso. E progressivamente seguiu migrando para as seguras baladas que compôs para Próximo, seu segundo e mais recente cd. E, como fecho, algumas inéditas, incluindo compositores como Alano de Freitas e Serrão. No palco, só voz - e inconsútil presença de cena - de Kátia; e Cristiano Pinho como coadjuvante de luxo -revezando-se entre guitarras, violões e voz de fundo. Na platéia, muitos de pé. E, entre outros, Ary Sherlock, Fausto Nilo, Domingos Fazio Caetano. Isso na sessão da noite, pois o duo também se apresentou ao meio- dia. Dia seguinte, também no auditório-de-bolso do CCBN foi a vez de Cristiano assumir o protagonismo, apoiado por banda, para ratificar sua condição de guitar hero.
Show de Kátia Freitas no Centro Cultural BNB há duas semanas. Guardou charme intimista. Também um progressivo desabrochar para a musicalidade de Fortaleza. La Freitas abriu com releitura de bela canção de domínio público (“Capineiro de meu Pai”). Passeou pela esplêndida e passional “Mãe”, de Caetano Veloso. E progressivamente seguiu migrando para as seguras baladas que compôs para Próximo, seu segundo e mais recente cd. E, como fecho, algumas inéditas, incluindo compositores como Alano de Freitas e Serrão. No palco, só voz - e inconsútil presença de cena - de Kátia; e Cristiano Pinho como coadjuvante de luxo -revezando-se entre guitarras, violões e voz de fundo. Na platéia, muitos de pé. E, entre outros, Ary Sherlock, Fausto Nilo, Domingos Fazio Caetano. Isso na sessão da noite, pois o duo também se apresentou ao meio- dia. Dia seguinte, também no auditório-de-bolso do CCBN foi a vez de Cristiano assumir o protagonismo, apoiado por banda, para ratificar sua condição de guitar hero.
Outra voz, outras seis
Outra dupla bastante seis cordas e voz está por cá: Paula Tesser e Valdo Aderaldo. Ao que parece de mala e cuia. Semana passada, empenharam, generosamente, seus talentos na Vila das Artes, durante a ocupação promovida pelos alunos da Escola de Audiovisual da Funcet. O nome do espetáculo, à Aderaldo, foi “Porque a causa é justa!" – onde, naturalmente, há trocadilho quase infame. Bossas-novas clássicas de Tom e Edu, e baladas de Valdo na voz comedida e bem lançada de Paulinha vão sempre bem com essas noites mornas de fevereiro ou de qualquer outro mês. Há algo de Nara Leão no estilo de Paula, que, de outro modo, é muito próprio. E talvez não seja acaso que a filha de ambos se chame Nara. A única ressalva é o de eles não explorarem mais as composições de Aderaldo à época do legendário Grupo Budega – do qual, por sinal, Crisitiano Pinho era o guitarrista.
Outra dupla bastante seis cordas e voz está por cá: Paula Tesser e Valdo Aderaldo. Ao que parece de mala e cuia. Semana passada, empenharam, generosamente, seus talentos na Vila das Artes, durante a ocupação promovida pelos alunos da Escola de Audiovisual da Funcet. O nome do espetáculo, à Aderaldo, foi “Porque a causa é justa!" – onde, naturalmente, há trocadilho quase infame. Bossas-novas clássicas de Tom e Edu, e baladas de Valdo na voz comedida e bem lançada de Paulinha vão sempre bem com essas noites mornas de fevereiro ou de qualquer outro mês. Há algo de Nara Leão no estilo de Paula, que, de outro modo, é muito próprio. E talvez não seja acaso que a filha de ambos se chame Nara. A única ressalva é o de eles não explorarem mais as composições de Aderaldo à época do legendário Grupo Budega – do qual, por sinal, Crisitiano Pinho era o guitarrista.
Uma última valsa
Para memória dos mais recentes, em show antológico no Parque do Cocó, ao final dos 80, o Budega destilou toda sua vocação roqueira entreatuada por baladas de bem medidas letras. A multidão que acorreu ao parque àquele fim de tarde, voltou para casa mesmerizada. Faz falta muita que não haja registro fonográfico do grupo. Ou de performances como a daquela tarde. Ao final de 2006, correram rumores: o vocalista Rossé Sabadia gravaria um cd solo. Mas de concreto, apenas especulação. Seria suntuoso pôr em cd a verve do grupo reunido em sua primitiva formação: Rossé, Cristiano, Edmundo e Valdo. Qual seria o impedimento?
Quem tem ouvidos vai a GuaráIdealizado por Raquel Gadelha e Maru Mamede, o Festival de Jazz de Guaramiranga já pode declinar o poema mais conhecido de Casimiro de Abreu: "Meus oito anos". O evento estabeleceu-se como opção muito digna para o sufoco de praias apinhadas em Aracati ou Camocim. Ou para a selvageria sem limite que virou o, antes pacífico, mela-mela. E, melhor a cada ano, ao subir a serra, o festival conjuga boa música e um cartão-postal de clima mais ameno. E para os que estranham não se usar o nome oficial - Festival de Jazz & Blues de Guaramiranga - nesta nota, pode-se subsumir o blues no jazz. Ou seja, todo festival de jazz é implicitamente um festival de blues. Nesta oitava edição, o destaque vai, sem dúvida, para Egberto Gismonti, o maestro do Carmo.
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