quarta-feira, 30 de maio de 2012

Antes de passar para o próximo

Emily Granader, 2009


De Sermos Numerosos

a crueldade das pessoas está em serem muitas. Se todos fôssemos só um e o mesmo, não teríamos o menor problema. Nem guerras. Nem terrorismos. Nem politicamentes corretos, ditadores torpes, sectarismos degradantes. Ou minorias. Tampouco preconceitos. 
Por outro lado, também não teria a menor graça. Seríamos miseravelmente sós. Sem conversa debaixo do sol. Enquanto umas partes do corpo fenecessem, outras na flor da idade. Mas que idade? Haveria necessidade de tempo?
Arthur pensava assim. Mas também pensava:
Mas como seria a questão ambiental, se fôssemos só um? Digamos, um imenso paquiderme pensante? Devastaríamos porções inteiras de continentes só para nos alimentar? Áreas do tamanho de Andorra e do Liechtenstein combinados, a cada dia? Um Arquipélago das Malvinas mais meio Sergipe por mês? É, seria impossível desenvolver-nos com sustento. A gente como paquiderme literalmente arrasaria uma porção de planetas antes de passar para o próximo.

Mas, de um outro modo, não é exatamente o que a gente faz sendo muitos?

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