E
a clássica foto Almoço no Topo do Arranha-Céu completa 80 anos
hoje. Uma matéria no Daily Mail tenta soar com algo de “novidade” ao decretar
que a foto é posada.
A
foto é impressionante, de qualquer ângulo. E ainda
hoje, oitenta anos depois. Nunca se descobriu ao certo quem a tirou. Olha-se para os onze operários - são onze como num time de futebol - ainda jovens, as pernas dependuradas num vão de 69 andares, e, apesar da coragem deles, pode-se dizer com certeza: estão mortos. Pois até é possível postar-se acima, no espaço. Não no tempo. E ainda assim, ela parece a mais perfeita ilustração de uma frase de Benjamin: "articular historicamente o passado não significa conhecê-lo 'tal qual ele propriamente se deu'. Mas, do contrário, apoderar-se de uma lembrança tal como ela cintila num instante de perigo".
A foto foi bastante reproduzida. E todo mundo deve tê-la visto alguma vez. Desde salas de agência de publicidade a quartos de jovem namorada. Espaços assim, onde grandes campanhas perigam.
A foto foi bastante reproduzida. E todo mundo deve tê-la visto alguma vez. Desde salas de agência de publicidade a quartos de jovem namorada. Espaços assim, onde grandes campanhas perigam.
Agora,
de verdade, seria menos autêntica, não fosse posada. Ou
a gente imaginasse que esses operários almoçassem todo dia sentados
nessa viga suspensa sobre os céus de Manhattan. Não, eles posaram uma só vez com essa desfaçatez de habitués. E isso não torna a foto mais rara?
E, então, a diferença para o presente talvez resida no fato de que, por lá, os operários que
constroem arranha-céus hoje em dia dificilmente são wasps, como há oitenta anos. Hoje, estão mais para latinos, chineses, árabes, indianos, negros...
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