-viver no mundo da lua, luftmenschar-(se), saber bem exilar-se de onde canta o sabiá
do
admirável ensaio de Flusser sobre “Exílio e Criatividade”, a
seguinte passagem, aspas:
o
expulso é gente desenraizada que busca desenraizar tudo em volta,
para poder enraizar-se. E age assim espontaneamente, simplesmente
porque foi expulso. É quase um processo vegetal. Quiçá seja
possível observar isso quando se transplantam árvores; e que talvez
a dignidade humana resida em não ter raízes – que um homem
primeiro se torna um ser humano quando ele arranca as raízes que o
prendem. Em alemão há um termo deplorável, Luftmensch, um
homem descuidado “com sua cabeça no vento”. O expulso talvez
descubra que vento e espírito são
termos intimamente relacionados e que, portanto, Luftmensch
signifa
essencialmente ser humano
fecha aspas. Sim. Pedra que muito se muda. Mas o cabeça-de-vento (Luftmensch) -ou vulgo sem-chão (bodenlos) - de Flusser habita por excelência a utopia. De outro modo é notável como essa forma de pensar dialoga diretamente com a Simone Weil de O Enraizamento. Ou seja, que já na década de 40 essa autora, também judia como Flusser, também deslocada e assimilada culturalmente como ele - ou até mais, por haver se convertido ao cristianismo - já tenha divisado que a questão do enraizamento - que envolve a do migrante e a do exílio - é uma das questões sem qual, nós, na modernidade pós-industrial, não caminharemos se não pensarmos nela.
e não pensaremos nela, se não caminharmos
fecha aspas. Sim. Pedra que muito se muda. Mas o cabeça-de-vento (Luftmensch) -ou vulgo sem-chão (bodenlos) - de Flusser habita por excelência a utopia. De outro modo é notável como essa forma de pensar dialoga diretamente com a Simone Weil de O Enraizamento. Ou seja, que já na década de 40 essa autora, também judia como Flusser, também deslocada e assimilada culturalmente como ele - ou até mais, por haver se convertido ao cristianismo - já tenha divisado que a questão do enraizamento - que envolve a do migrante e a do exílio - é uma das questões sem qual, nós, na modernidade pós-industrial, não caminharemos se não pensarmos nela.
e não pensaremos nela, se não caminharmos
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