quarta-feira, 8 de julho de 2009

Água de fundas jazidas


Antonio Frasconi, Oda a Lorca, 1962




Quatro quadras em segunda pessoa


[ao modo de Lorca]



Vejo teus olhos

como a investida

da lua cheia de hoje

suspensa sobre avenidas.



Carros carburam.

A cidade é uma cabala.

Um ciclista desvia-se

da insensatez de sua escala.



Em meu quarto, avulso,

o feixe da luminária acesa

sobre a página do livro

é magra talha de beleza;



da que trazes entre os cílios,

água de fundas jazidas,

da lua cheia de hoje

suspensa sobre avenidas.




* * *


Nenhum comentário:

Postar um comentário