James Ensor, Masks Confronting Death, 1888
Waiting
Were you counting the days
from now till then
to what end,
what to discover,
which wasn’t known
over and over?
Robert Creeley
À Espera
Contavas os dias
da noite ao jornal
até o final,
para esclarecer
o quê? aquilo que já se está
careca de saber?
Esperando
Contavas então os dias
de lá para cá
até o final
para descobrir o que o povo
faz que não sabe
de novo e de novo?
Aguardando
Contavas então os dias
daqui até lá
até o final,
o não descoberto,
o não sabido
de perto e de perto?
Nota – este poema, no seu trio malogrado de versões em português, dá uma noção de porque Creeley é Creeley: engenhoso, lançando mão de palavras simples, banais, prosaísmos que ganham uma dimensão filosófica. De como é difícil traduzi-lo. De como, a seu modo ele intui sintaxes que põem em xeque esquemas de pensamento. E revitaliza rimas que remetem a Thomas Hardy e Robert Frost – um autor que, de resto, abominava. Ou de como sendo de vanguarda, ele “não era de vanguarda”. Ou seja, estava lixando-se para o rótulo. Seu herói era D.H. Lawrence. Há poucos autores tão da "fala americana", na linhagem de Williams, quanto Creeley. Pode-se resumi-lo, em seu anti-intelectualismo sofisticado, como um herói da cultura americana. Como neste pequeno poema, por exemplo.
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