Royal Society for the Prevention of Accidents, c.1944
Suplemento Ótico
eu queria ter mais olhos
um que olhasse para dentro
sem tanto dedo em riste para
tudo que fiz de falho
a dor que causei aos outros
ao longo das novas folhas no galho
eu queria ter mais olhos
que me dissessem: “ei, você não é o centro
do mundo”. me dessem a rima rara
de ser sereno, quando venço ou falho
menos avoado, menos em outro
planeta, cortando a fala dos amigos em talho
que se põe na ratoeira, em vez de comer
mas, ah – interjeição maldita – que fazer?
vestir-se de amor, compaixão, nexo?
olhos a mais não somariam entender
se, com dois só, o mundo é tão complexo
[fortaleza, 25.07.09]
* * *
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