terça-feira, 28 de julho de 2009

De amor e cevada: Bashō


Willi Baumaister, Ideogram, 1947



Dez hai-kos de Bashō





diga-me de solidão
de ermas serras
velho cavando beterrabas

* * *

êxodo de primavera
pássaros clamam
a lágrima do peixe

* * *

pegadas de monos
no gelo escuro
drenando água fresca

* * *

redes para polvos
verão de sonhos lunares
logo findo

* * *

gata, tão
magra de amor
e cevada

* * *

velho lago
sombra-salto
um sapo

* * *

noite clara, som
de roupa batendo
na cisterna

* * *

limiar de outono
campo de arroz
verde oceano

* * *

primaverar
lua bordada
e odor de ameixa

* * *

corisco
pio de garça
estripa o breu



Nota – traduzidos a partir da comparação de diferentes versões para idiomas ocidentais e de uma notação fonética. No caso do inglês, sobretudo as versões de Lucyen Stryk, mas também as de Noboyuki Yuasa e Cid Corman. Todas as versões destes hai-kos foram feitas em 1999, num contexto mais amplo de estudo da literatura e da filosofia sino-japonesa.




* * *

Um comentário:

  1. ruy, gostei demais de "sombra-salto". e é bom ver o teu blog vivo novamente. abração em você.

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