sexta-feira, 22 de junho de 2012

Toda generosidade

Ron Muek, 2009

Toda generosidade é profundamente interesseira e injusta, a não ser a que é dada sem nada de volta e, logo, nunca se propõe como generosa. Tampouco como dádiva. Ou seja, aquela que se fez mas até já sumiu de memória. E, logo, não se sabe feita; e sem registros, atingiu seu nível ideal. A que sabe de antemão que qualquer forma de retribuição passa mais por comércio. Por clientela. Interesse. Por tomar com uma mão o que se deu com outra. Pela cordialidade tão brasileira e à espera de retribuição quanto a cadela arfando, jogando saliva pela sala, aguarda os biscoitinhos. 

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