Ginsberg
e Patti Smith
É
1969 e Patti Smith está tentando comprar um queijo numa padaria de
Manhattan. Súbito, percebe que faltam dez centavos. Allen Ginsberg
aproxima-se e pergunta se pode ajudar. Ele inteira os dez centavos
e ainda a convida para tomar um café. Ela aceita. Os dois sentam-se
à mesa e tratam de alguns assuntos, a poesia de Walt Whitman entre
eles. De repente, Ginsberg inclina-se na direção dela:
-Escuta,
você é mulher?
-Sou,
algum problema? - ela diz.
-Não.
É que eu a tinha tomado por um garoto danado de bonito.
-Bom,
se 'cê quiser, eu posso devolver o sanduíche.
-Deixa
quieto. Tá tudo em casa.
A
anedota é uma das registradas num livro sobre encontros insólitos
entre artistas famosos. O livro chama-se Hello Goodbye Hello, e foi
escrito pelo britânico Craig Brown. Nele, estão narrados encontros
entre Joyce e Proust; Harpo Marx e Bernard Shaw; Leonard Cohen e
Janis Joplin, além de muitos outros. Quase sempre tão engraçados
quanto. Brown reivindica a
veracidade de todos os casos. O que não fácil. E nem o caso.
*
Roth
e a Wikipédia
Em setembro passado, Philip Roth envolveu-se numa curiosa disputa com
a Wikipédia. Segundo a enciclopédia colaborativa, o protagonista do
romance de Roth, The Human Stain [A Nódoa Humana, 2ooo], um
professor universitário, despedido por uma acusação de racismo,
teria sido inspirado no escritor Anatole Broyard. Roth, contudo, escreveu aos colaboradores da Wikipédia ratificando: a fonte de
inspiração não tinha nada a ver com Broyard. Tratava-se, na
verdade, de Melvin Tumin, um amigo de Roth, que lecionara em
Princeton. E, no entanto, dias depois, Roth recebeu uma mensagem afirmando que ele
não era “uma fonte confiável”. Um administrador da Wikipédia
notificou-lhe: “entendo seu parecer de que o autor é a principal
autoridade sobre a própria obra, mas nós sempre solicitamos fontes
secundárias fiáveis”. Neste ponto, Roth redigiu uma carta aberta.
E não qualquer uma: são mais de duas mil palavras. A carta foi
publicada na New Yorker. Nela, Roth argumenta que a hipótese
aventada no verbete tratava-se de algo começado num mexerico de
bastidores. E aponta, assim, as evidências de que Tumin constituía,
de fato, a fonte de inspiração para o personagem. Devidamente
convencidos, os editores fizeram a retificação.
*
*
A
Resenhista que Rima
A
crítica Michico Kakutani, que escreve resenhas para a seção de
livros do New York Times, tem sido centro recorrente de alguma
polêmica por suas, digamos, excentricidades. Recentemente, ela
despertou o furor de alguns editores de revistas e suplementos
literários ao resenhar em verso - parodiando o estilo do autor - o
livro Dogfight – A Presidential Race in Verse [Briga de Cachorro Grande –
A Disputa Presidencial em Verso]. A resenha está disposta em treze estrofes de iâmbicos
pentâmetros rimados, esquema AABB.
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