segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Outros não se curam




Vou te contar um caso real de uma pessoa que cria ter um encosto: o fantasma de uma namorada da adolescência, metido dentro de casa. E todo mundo dizia: esse não bate bem da bola. Mas a verdade é que sofrera um abuso na infância, o que o tornou complacente: abusos em fila, dos demais, ao longo da vida. Impermeável a qualquer reação, como se pele não tivesse, só nervos. Peixe fora d'água. Colecionou um ror de relações frustradas com mulheres. Incapaz de reagir. Abusou de outras tantas. Outras, perseguiu. Inclusive na rede. Mas mais frequentemente na cama. Havia uma confusão extrema em sua mente, porque fazia uma coisa má: relacionar-se com mulheres. Muitas. Milhares delas. Talvez a resposta estivesse nos homens. Mas não era o caso. E, então, quem sabe, devesse persistir, porque encontrar a escolhida, o amor ideal, não parecia lá muito fashion. Como todo mundo sabe, esse negócio de amor ideal acontece só nas novelas, etc. Mas a verdade é que, um dia, quando menos esperava, uma mulher chegou, e tomou sua mão. E não largou mais. E é preciso ter muita coragem para tomar uma mão assim. E ainda mais hoje em dia. E é aquele negócio de passarinho que come pedra. E ele não voltou a ver os fantasmas, porque, entre outras, a presença dela tornou-se maior que esses espectros. 
Esse sujeito hoje leva uma vida de muita utilidade, alegria. Uma vida um bocado preocupada com também outras vidas. Se isto existe, se é possível. E nunca mais viu fantasmas. 
A esse sujeito, lhe curaram o Amor e seu esforço.

Outros não se curam.

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