Assis Valente na década de 1930
Que
tal Assis Valente, sambista de muito sucesso nas décadas de 30 e 40,
nascido na mesma pequena cidade santo-amarense de Caetano Veloso?
Baiano mas com todo o suingue, a astúcia e a gíria cariocas. Compositor de
“Camisa Listrada”, “Brasil
Pandeiro”, e de um sem número de outras canções que cantamos como hinos. Gravado por
João Gilberto, Carmem Miranda, Elis Regina, Gal Costa, Maria
Bethânia, Chico Buarque, Novos Baianos, Adriana Calcanhoto, Fagner,
o próprio Caetano, entre tantos outros.
(Aliás, a propósito do malogrado fim do mundo (supostamente) Maia, essa deliciosa versão de "E o mundo não se acabou" com a não menos deliciosa Paulinha Toller):
(Aliás, a propósito do malogrado fim do mundo (supostamente) Maia, essa deliciosa versão de "E o mundo não se acabou" com a não menos deliciosa Paulinha Toller):
De
Santo Amaro, onde foi criado como filho adoptivo, passou a
Salvador. Na capital da Bahia, cursou o Liceu de Artes e Ofícios. Em
seguida, a reboque de um circo mambembe, o Rio, onde trabalhou como
protético e chegou a ganhar alguns trocados como desenhista, antes
de compor os primeiros sambas. O famoso Heitor dos Prazeres foi um de
seus incentivadores. Depois, foram sucessos encarrilhados. Alguns na
voz de Carmem Miranda e consagrados em Hollywood. É lendária sua
facilidade tanto para compor sambas quanto para vender-lhes a autoria ao preço de uma rodada de chope.
Assis
Valente suicidou-se ao ingerir formicida num banco de praça. Era um
fim de tarde tranquilo e quente, março de 1958. No bolso de seu
paletó havia um bilhete sentimental. Ele se encontrava endividado
até a raiz dos cabelos. Já havia tentado sem sucesso pular do Morro
do Corcovado e topado com a má sorte de cair sobre uma copa de
paineira, que amorteceu-lhe a queda. Era negro e pobre, uma combinação um tanto letal à época. E, como se não bastasse,
em algum lugar também comenta-se de preferências sexuais
heterodoxas e mal resolvidas. Tinha 47 anos.
Valente
é autor de um tema de Natal, “Boas Festas”, perto de tão
popular quanto “Noite Feliz”. Foi composto originalmente para o Natal de 1933 e, portanto, completará 80 anos, em 2013. E não deixa de ser estranho que
essa canção seja incluída em coletâneas de música de Natal. E
que ao escutá-la na infância, pelo ritmo e a melodia, passe um
tanto despercebida, em meio às demais. E só quando chegamos à mais
idade venha a percepção de sua distinção, ao atentarmos para a
letra.
Poderia
ser a versão de João Gilberto. Mas vamos de Maria Bethânia:
UM FELIZ NATAL PARA TODOS!
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