'Vivamus,
mea Lesbia'
Vivamus,
mea Lesbia, atque amemus,
rumoresque
senum severiorum
omnes
unius aestimemus assis!
Soles
occidere et redire possunt;
nobis
cum semel occidit brevis lux,
nox
est perpetua una dormienda.
Da
mi basia mille, deinde centum,
dein
mille altera, dein secunda centum,
deinde
usque altera mille, deinde centum.
Dein,
cum milia multa fecerimus,
conturbabimus
illa, ne sciamus,
aut
ne quis malus invidere possit,
cum
tantum sciat esse basiorum.
Catullus
'Vamos
viver, minha Lésbia'
Vamos
viver, minha Lésbia, e amar:
a
arenga desses velhotes austeros,
cheios de pompa, não vale vintém,
e
logo o sol se vai para depois voltar.
Quando nossa breve luz se for, porém,
haverá
uma só noite, um sono só.
Então,
me dá mil beijos, depois mais cem
e
depois mais mil depois desses cem
e
outros mil e mais cem desses depois.
E,
assim, ao menos o sobejo desses beijos,
a
gente possa juntar em cumulada soma
que
baralhe as contas dos invejosos, atrás
o
tempo todo de contar, sem tirar nem pôr,
quantos
esses beijos foram, e foram de amor.
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Como em certa perspectiva tomada de empréstimo ao Robert Lowell de Imitations, essa "tradução" toma o famoso poema de Catulo mais como motivo. Um nome criei para essa modalidade de transposição que extrai e deforma: "deformaciância". Porque arranca e deforma, sim, mas com maciez e alguma breve lógica. Uma breve ciência. Provavelmente Catulo poria minha cabeça a prêmio se lesse esta versão. E especialmente os dois últimos versos.
Porém, pode ser que não. Pode ser que fosse a cabeça dos outros. De todos eles. E mais especificamente daqueles doutos que tudo sabem de latim.
E nada de poesia.
E nada de poesia.
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