E é possível
que se a gente visse a casa por dentro, do ponto de vista das bribas, com aqueles
ângulos animais (que nem câmeras de segurança flagram, por não móveis
e mutantes, ou mais diletantes que controladoras), talvez houvesse mais paz dentro das casas. E nossa visão
da criança, brincando num quarto; ou do casal sendo criado pelo amor que
criou a criança, noutro quarto; ou do velho na varanda, tossindo e
resmungando, enquanto tenta decifrar o smartphone, a sonhar com as formas da empregada; ou da empregada -
quase extinta - diante da TV da cozinha ou atendendo o interfone. Seria tão diferente. E inaugural à cada vez. Vista
daqueles ângulos que botam olhos na pele das paredes, e em plano sequência. Como quando se enxerga do décimo andar uma praça que só víamos ao rés do chão, passando por ela, em travelling. Percebida, então, com
aquele ordenamento que outros ângulo, menos ortodoxos, nos facultam, a casa talvez fosse melhor considerada como o milagre que é. Ou que devia ser. Um milagre de redenção dos conflitos. E que é como criar
um novo estado. Um novo modo de estar na terra.
Um estado
animal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário