quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Sandy e os haitianos: até quando?


Artesanato haitiano: uma lagartixa de latão

a vergonha maior ao se noticiar algo como a tempestade Sandy, que atingiu o Caribe e alcançou a América do Norte, final de semana passado, está em se mencionar – sim, é apenas uma menção, às vezes nem isso – as mais de oitenta mortes no Haiti contra uma no Canadá e dez nos Estados Unidos 

levando em conta que a população dos Estado Unidos e a do Canadá somadas é trinta e oito vezes maior que a do Haiti, se tem ideia da tragédia no Haiti. Mas, não adianta. Inflexivelmente, como de vezes anteriores e sem conta, os holofotes da mídia, claro, não focam no Haiti. Embora os mortos no Haiti sejam em número oito vezes maior

além disso, noticia-se amplamente as causas das mortes mais ao Norte. Sabe-se que a vítima no Canadá, por exemplo, foi uma senhora que caminhava no centro de uma cidade quando uma placa de loja desprendeu-se e atingiu-a em cheio. E para todo óbito nos Estados Unidos há um acesso da imprensa às causas imediatas. Uma dignidade, assim, é conferida a cada uma das dez mortes. Mas não às mais de oitenta do Haiti

e esse modo de noticiar, de armar uma cobertura supostamente abrangente e internacionalista é feito pela nata da imprensa de maior reputação no Ocidente: os grandes jornais e portais dos Estados Unidos, do Canadá e da Europa. Sim, há uma dignidade para as vítimas mais ao Norte. Ao menos se contrapostas às mais de oitenta vítimas haitianas que - evidente – são transformadas em menos vítimas e em menos humanas pela imprensa, porque jogadas na vala comum da barbárie, da ignorância, do anonimato, do descaso, etc.

como seres de segunda categoria. E se não são: por que são tratados assim?

e até quando?


NOTA POSTERIOR [noite de 31.1o.12] 
já se fala em 61 mortes nos Estados Unidos, o que é uma cifra bem maior que no início da manhã de hoje. E, ainda assim, menor que as ocorridas no Haiti

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