Hoje
deixou de circular em São Paulo o emblemático Jornal da Tarde. O
diário, vespertino desde sua fundação (em 1966) até 1988, era
célebre por haver transposto ao Brasil os eflúvios do New Journalism com as
devidas e sábias adaptações. Em especial, quando ainda vespertino,
o JT, editado pelo Grupo Estado, mostrou-se um vívido laboratório da
relação entre diagramação e texto. Posteriormente, quando a
existência dos vespertinos foi inviabilizada por questões técnicas
e mercadológicas, o JT começou a concorrer mais cerradamente com
outro jornal da casa: o Estado de São Paulo. E, com o progressivo
encolhimento e perda de importância dos jornais como veículos
impressos, a ser empurrado a escanteio por portais e pela mídia
digital. Era tão distinto o estilo de noticiar desse diário, em especial nas duas décadas iniciais e mais gloriosas, que não era raro a compra
de exemplares do JT apenas para ver a mesma notícia de modo distinto. Ou seja, mais
plasticamente posta no papel. O JT absorveu no caminho opções e lições que vinham desde o concretismo e neo-croncretismo, ao tropicalismo, ao desbunde, à poesia marginal, ao minimalismo e à arte pop. Se houve um jornal de grande tiragem algo próximo ao conceito de meta-jornal - um jornal para jornalistas - o JT foi um dos que estiveram mais próximos desse conceito e dessa(e) meta por aqui.
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