Jean-Baptiste-Siméon
Chardin
Há
os frios como Vivaldi. Ou os quentes como Brahms. Bach está
equidistante de ambos. Assim como dos maneirismos de Mozart. Se insistirem em polarizar, bebendo mais na
fonte do italiano, de quem chegou a transcrever e arranjar alguns
concertos. (Até porque os outros dois lhe são posteriores). Mas então,
há uma arte que passa mais pelo intelecto, como em Vivaldi, que
pratica uma música de belas séries matemáticas. E por isso
interrompia missas para correr até a sacristia e anotar o trecho da
música que vinha à cabeça em hora imprópria. E, todavia, em
Bach, o enorme esforço e estudo, à época de frutificar¹, dá em
coisas intuitivas e racionais. Simultaneamente. Pois até mesmo o racional bachiano
está tingido de humanidade, do espírito da subjetividade, da ordem
da adivinhação e do dia-a-dia, da generosidade, da inclusão, do abrigo e da emoção. E vice-versa. A música de Bach cava espaços para sermos e estarmos mais confortáveis e abrigados neste mundo. Mais em consórcio com ele. Sentindo-o e desdobrando-o melhor. Aceitando nossa finitude por via de um Senhor.
Em
Bach o subjetivo objeta-se e o objetivo sujeita-se.
E
sujeita-se, bem entendido, ao único Senhor a que se deve sujeitar.
Amém.
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¹Que como entre os mestres não se dissocia do exercício.
Amém.
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¹Que como entre os mestres não se dissocia do exercício.
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