quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Se não descartáveis, perdem metade da graça

[s/i/c]



O Objeto
-miúça sobre afetos ao tempo do rato

Um objeto pode cristalizar o modo como hoje se estabelecem os afetos. Eles vêm. Vão. Apressadamente. Fazem-se, desfazem-se. Refazem-se em alvoroço, vertigem. Condicionais. Simultaneidades. Se não forem descartáveis, perdem metade da graça. Pois boa parte dessa “graça” está no número. Na maleabilidade. Ou seja, no modo como pôr fim a algo parece ser sempre provisório. Ou reversível.

Este objeto é o mouse. O clique do mouse determina o ritmo dos afetos. Eles podem ou não ser tecidos na vertigem 144 caracteres do Twitter. Não importa. O que se deve tomar em consideração é pequeno demais, mas ainda existe: essas relações conformam algo bárbaro. Acelerado. Que parece dizer a todos os que não “se mouseam”: “Iau, meu cumpade, você perdeu o bonde da história”.


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