terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Estranha a seu tempo e aos Países Baixos: Veermer por Ungaretti

Jan Veermer, A Lady at the Virginals with a Gentleman, 1625

Jan Veermer


La sorte di Veermer è tra le più straordinarie non tanto per la sua tarda comparsa nel campo della fama, quanto pela luce de gloria definitiva che gli è venuta dall'elogio di Marcel Proust. É noto che fino al 1866, fino alla segnalazione fattane sulla “Gazette des Beaux-Arts” alla fine di quell'anno, Théophile Thore chiamato de solito Bürger, pseudonimo con il quale aveva firmato il saggio su Veermer, l'opera de Veermer era passata, anche da vivo, quasi inosservata. Anche come uomo é straordinario ingegnato a non lasciare di sé alle cronache altra traccia salvo quella derivata dal proseguimento con semplicità delle peripezie d'una vita di buon padre di famiglia e di modesto cittadino di Delft. Il fatto più saliente accadutogli fu d'essere stato scelto dai suoi colleghi della Ghilda a esercitare durante un anno le funzioni di decano. Era cattolico e, in quegli anni, poteva in Olanda non essere sempre facile tirare avanti con tranquillità a chi lo fosse: ma non trapela affatto, dalla sua pintura né dalla sua biografia, che gli fosse difficile, e nemmeno che problemi religiosi potessero inquietarlo.
Ma la sua pittura se manifesta come insolita ai suoi tempi e prima, insolita nei Paesi Bassi, i anche altrove. Dei pittori che in Europa lo precedettero o furano suoi contemporanei, solo un dipinto gli si può avvicinare. Si tratta della Madonna col Bambino di Piero della Francesca.
[…]

Giuseppe Ungaretti


[Extrato inicial de um artigo retirado de Per Cognoscere Ungaretti – Antologia delle opere a cura di Leone Piccioni – Mondadori, Milano, 1993]


Jan Veermer


O destino de Veermer está entre os mais extraordinários nem tanto pela sua tardia aparição no campo da fama, quanto pela luz de glória definitiva que lhe advém do elogio de Marcel Proust. É de notar que até 1866, até a menção feita na “Gazette des Beaux-Artes” ao final daquele ano por Théophile Thore, vulgo Bürger, pseudônimo com o qual havia escrito o ensaio sobre Veermer, a obra de Veermer era passado; ainda que viva, quase despercebida. Também como homem é extraordinário engenho o não deixar de si à crônica outro traço salvo a derivação com simplicidade da peripécia de uma vida de bom pai de família e modesto cidadão de Delft. O fato mais notável que lhe ocorreu foi o de haver sido escolhido por seus colegas da Guilda a exercer durante um ano a função de decano. Era católico e, por aqueles anos, poderia na Holanda nem sempre ser fácil sê-lo com tranquilidade: mas não manifesta-se de todo, na sua pintura ou na sua biografia, que lhe fosse difícil sê-lo, ou sequer que problemas religiosos pudessem inquietá-lo.
Porém a sua pintura se apresenta estranha a seu tempo e, antes, estranha aos Países Baixos, e também alhures. Dos pintores que na Europa o precederam ou foram seus contemporâneos, só uma tela pode-se-lhe avizinhar. Trata-se da Virgem com o Menino de Piero della Francesca.
[…]


CODA

De interesse este artigo de Ungaretti sobre Veermer. Aliás, Veermer é um pintor bastante amado por poetas [para um poema de Murilo Mendes sobre Veermer, clique AQUI e veja ao final da postagem]. De outro modo, o autor de Il Porto Sepolto, viveu alguns anos no Brasil e foi professor da USP. Posteriormente, num ciclo de palestras, em São Paulo, em 1966, conheceu e teve uma ligação amorosa – que prolongou-se por carta durante anos – com uma poeta ítalo-paulistana. À época tinha 78 anos; ela, 26. Ungaretti foi também um grande tradutor – inclusive de Homero e dos clássicos. Mas também verteu para o italiano vários poetas brasileiros, como Drummond, Bandeira, Mário de Andrade e Vinícius de Moraes, entre outros. Nutria um particular apreço pela “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias, que verteu assim para o italiano:


Canzone dell'esilio

La mia terra ha la palmiera
D'onde canta il sabïà;
Qua anche trillano gli uccelli,
Ma il gorgheggio è un altro là.

Ha più stelle il nostro cielo,
I verzieri hanno più fiori,
C'è più vita ai nostri boschi,
Vita la più trova amori.

Se di notte penso, solo,
Il piacere cerco là,
La mia terra ha la palmiera
D'onde canta il sabïà.

Ha la terra mia splendori,
Non li trovo uguali qua;
Se – di notte, solo – penso,
Il piacere cerco là;
La mia terra ha la palmiera
D'onde canta il sabïà.

Non permetta Iddio ch'io muoia
Si non prima torne là
E rigoda gli splendori
Che qua mai non troverò,
E riveda la palmiera
D'onde canta il sabïà.


Nota – as palavras “palmiera” [palma, palmizio] e “sabiá” não existem no idioma italiano. Ungaretti as manteve com ligeiras variâncias de sílabas ou acentuação e introduziu notas para ambas.

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