quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Adeus, JT




Hoje deixou de circular em São Paulo o emblemático Jornal da Tarde. O diário, vespertino desde sua fundação (em 1966) até 1988, era célebre por haver transposto ao Brasil os eflúvios do New Journalism com as devidas e sábias adaptações. Em especial, quando ainda vespertino, o JT, editado pelo Grupo Estado, mostrou-se um vívido laboratório da relação entre diagramação e texto. Posteriormente, quando a existência dos vespertinos foi inviabilizada por questões técnicas e mercadológicas, o JT começou a concorrer mais cerradamente com outro jornal da casa: o Estado de São Paulo. E, com o progressivo encolhimento e perda de importância dos jornais como veículos impressos, a ser empurrado a escanteio por portais e pela mídia digital. Era tão distinto o estilo de noticiar desse diário, em especial nas duas décadas iniciais e mais gloriosas, que não era raro a compra de exemplares do JT apenas para ver a mesma notícia de modo distinto. Ou seja, mais plasticamente posta no papel. O JT absorveu no caminho opções e lições que vinham desde o concretismo e neo-croncretismo, ao tropicalismo, ao desbunde, à poesia marginal, ao minimalismo e à arte pop. Se houve um jornal de grande tiragem algo próximo ao conceito de meta-jornal - um jornal para jornalistas - o JT foi um dos que estiveram mais próximos desse conceito e dessa(e) meta por aqui. 

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