'Still
it's time that grows in my brain'
Still
it’s time that grows in my brain.
Still
it’s time that calls me again.
Still
I scream when time ticks.
Still
I cringe from time’s tricks.
Still
I groan for time’s lapse.
But
still I’ll try for time perhaps.
Nick
Drake
'Ainda é tempo que cresce em minha mente'
Ainda
é tempo que cresce em minha mente.
Ainda
tempo, que me chama novamente.
Eu
ainda imploro quando o tempo pulsa.
E
inda refugo, se me cerca e abusa.
Eu
ainda gemo se o tempo emperra.
Mas
inda vou tentar um tempo nesta terra.
Nota -
Este pequeno poema - creditado posteriormente como "Time Piece" - é dito por Nick Drake em uma gravação caseira. Ouve-se um metrônomo marcando ao fundo. A voz de Drake soa imprecisa, demasiado baixa. Em alguns fins de frase há uma indistinção que leva a diferentes soluções copiadas pelos fãs e diferentes da que vem impressa no booklet do CD. Especialmente o penúltimo verso. Nesta versão em português, que pode ser caracterizada como "um poema depois de", é muito importante a presença ou a ausência de certas partículas para compor a medida da frase. Exemplos? A elisão do verbo ser no segundo verso e do "a" de ainda no quarto. Ou presença do pronome "eu" no terceiro verso. E assim por diante. E, claro, o último verso é uma tentativa mais ou menos concentrada de o poema fazer algum sentido em português, abandonando a literalidade por um nada, mas cedendo não propriamente à significação, senão a um sentido mais abstrato e total. Leminski trabalhava um pouco assim quando traduzia. Ele cometia algumas molecagens intuitivas. Há também essa noção de ser molestado - ou seja, atrapalhado, fodido - pelo tempo. E apesar disso, buscar pôr-se sobre os pés. E tentar.
Como deve ser?
Como deve ser?
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