O
fraco desempenho da delegação olímpica brasileira tem gerado
polêmica nas caixas de comentário. As reações seguem desde certo
ceticismo ponderado (e, por vezes, até bem-humorado), até defesas
ferozes ou sentimentais dos atletas. Mas há também aqueles que, ao modo de patrões ou feitores ou consumidores insatisfeitos, os detratam e xingam até
a terceira geração. Como se pelo plano fato de perderem houvessem se convertido em seus inimigos pessoais. E com uma amargura, uma intensidade, um ressentimento que faz a gente adivinhar como deve ser existir dentro do esqueleto de quem escreveu isso ou aquilo. E por supostamente
estarem pagando, como contribuintes, pela preparação dos atletas – quando, em não poucos
casos, houve investimentos privados ou do próprio bolso ou do bolso das famílias. E mal se tem dimensão dos sacrifícios e esforços necessários para se chegar a uma final olímpica.
No
mínimo, no entanto, algo faz sentido: i.) o Brasil leva um excesso de
atletas para a modesta cifra de medalhas conquistadas ou a crônica
dificuldade de chegar às de ouro. Também ii.) o COB deve orientar
melhor a moçada sobre o que dizer em caso de muita expectativa e
igual fracasso. Para que se evitem declarações pueris. Como a de
Fabiana Murer, que foi glosada e gozada à exaustão na Tia Nete: "foi o vento".
Mas, se sentirmos melhor, muita coisa tem sido "vento". E, com certeza e muitos oras bolas depois, boa parte desse inflar as chances reais de um atleta para atrair a
curiosidade do público vem da imprensa. Logo, iii.) a imprensa
deveria ser mais clara quanto às reais chances dos atletas
brasileiros em cada modalidade. Para que se evitassem frustrações advindas
de esperanças sem lastro.
No entanto, não bem é isso que ocorre.
Muitos
jornalistas confundem realismo com pessimismo ou “torcer contra”.
Informar que as chances de êxito são limitadas ou mínimas, quando o caso for, não mata ninguém.
Ou compromete performances.
Não
mata, mas tira audiência, que é justo o que os patrocinadores –
que estão se lixando para o tal “espírito olímpico” – desejam evitar a todo custo.
O começo da campanha olímpica brasileira em 2012, com três medalhas no primeiro dia, inflou ainda mais esse falso estado de coisas. Todo mundo ficou ligado, pois pela primeira vez o Brasil liderou o quadro de medalhas. Talvez por menos de três horas, o rolo compressor chinês não dorme no ponto.
Mas uma semana depois, em termos de medalhas de ouro, prosseguimos somente com a conquistada pela piauiense Sarah Menezes ainda no primeiro dia. O que, aliás, gera estranho ranking interno: 1º lugar: Piauí, 1 ouro; 2º lugar, Resto do Brasil (São Paulo incluído), 0 (Zero) ouros. Necas de pitibiribas de ouro. E não poucos favoritos – Cielo, Murer, Scheidt, Camilo, o triplista Mauro Vinícius da Silva, o boxeador Everton Lopes, alguns judocas e tantos outros (judocas ou não) – ou nada ganharam ou não passaram do bronze. E isso não é o bastante.
Especialmente para um país ávido por ídolos. E que os encontra – com desesperado furor – até nessas rinhas de MMA, esporte que só cresce por aqui porque há brasileiros ganhando. Afinal, depois de Senna, os pilotos de Pindorama na Fórmula-1 – Barrichello, Massa, Nelsinho Piquet, Bruno Senna – foram medíocres. E seria ingenuidade pensar que teríamos, em breve prazo, no tênis, outro milagre como Guga. O basquete, que era nosso segundo esporte até a década de 80, felizmente conseguiu retornar à Olimpíada. Porém depois de longo hiato. E de haver perdido em importância e excelência. Além de, nos últimos anos, testemunhar uma indigesta hegemonia argentina na América do Sul. E para complicar de vez, não ganhamos nada digno de nota no futebol faz duas copas do mundo. E, nesta olimpíada, o vôlei de quadra (escape mais imediato do futebol) não começou bem. E o próprio futebol escapou fedendo de ser desclassificado por...Honduras. (Quem te viu!) E ainda que sua principal esperança para 2014, Neymar, pessoalmente pareça estar mais interessado em gravar anúncios, coreografar comemorações ou achar um novo corte de cabelo à moda dos anos 80, que propriamente em jogar bola. E, convenhamos, Mano Menezes não é treinador para a Seleção. E a atitude geral, pragmática, meio vigarista, mandriã, excessivamente malandra, vantagista de nosso futebol, não anima muito. E, recovenhamos, lugar de futebol – ao menos em sua milionária versão masculina – não é nos jogos olímpicos.
O começo da campanha olímpica brasileira em 2012, com três medalhas no primeiro dia, inflou ainda mais esse falso estado de coisas. Todo mundo ficou ligado, pois pela primeira vez o Brasil liderou o quadro de medalhas. Talvez por menos de três horas, o rolo compressor chinês não dorme no ponto.
Mas uma semana depois, em termos de medalhas de ouro, prosseguimos somente com a conquistada pela piauiense Sarah Menezes ainda no primeiro dia. O que, aliás, gera estranho ranking interno: 1º lugar: Piauí, 1 ouro; 2º lugar, Resto do Brasil (São Paulo incluído), 0 (Zero) ouros. Necas de pitibiribas de ouro. E não poucos favoritos – Cielo, Murer, Scheidt, Camilo, o triplista Mauro Vinícius da Silva, o boxeador Everton Lopes, alguns judocas e tantos outros (judocas ou não) – ou nada ganharam ou não passaram do bronze. E isso não é o bastante.
Especialmente para um país ávido por ídolos. E que os encontra – com desesperado furor – até nessas rinhas de MMA, esporte que só cresce por aqui porque há brasileiros ganhando. Afinal, depois de Senna, os pilotos de Pindorama na Fórmula-1 – Barrichello, Massa, Nelsinho Piquet, Bruno Senna – foram medíocres. E seria ingenuidade pensar que teríamos, em breve prazo, no tênis, outro milagre como Guga. O basquete, que era nosso segundo esporte até a década de 80, felizmente conseguiu retornar à Olimpíada. Porém depois de longo hiato. E de haver perdido em importância e excelência. Além de, nos últimos anos, testemunhar uma indigesta hegemonia argentina na América do Sul. E para complicar de vez, não ganhamos nada digno de nota no futebol faz duas copas do mundo. E, nesta olimpíada, o vôlei de quadra (escape mais imediato do futebol) não começou bem. E o próprio futebol escapou fedendo de ser desclassificado por...Honduras. (Quem te viu!) E ainda que sua principal esperança para 2014, Neymar, pessoalmente pareça estar mais interessado em gravar anúncios, coreografar comemorações ou achar um novo corte de cabelo à moda dos anos 80, que propriamente em jogar bola. E, convenhamos, Mano Menezes não é treinador para a Seleção. E a atitude geral, pragmática, meio vigarista, mandriã, excessivamente malandra, vantagista de nosso futebol, não anima muito. E, recovenhamos, lugar de futebol – ao menos em sua milionária versão masculina – não é nos jogos olímpicos.
Nesse
sentido, o de uma certa honestidade básica para com o
telespectador/leitor/ouvinte, não vi comentário mais preciso que este, de
Antônio Alonso, que cobre a vela para o UOL Esportes:
Para
quem gosta de curiosidades e bizarrices das regras, eu preciso
informar que há uma chance de Bimba ser medalhista. Isso pode
acontecer se nenhum outro velejador conseguir largar na Medal Race,
na terça-feira. Se eles "faltarem" à largada, a medalha
fica com o brasileiro. Agora, se eles comparecerem, e desistirem logo
após largar, Bimba fica mesmo com o nono lugar.
É
isto.
Um
jornalista mais dentro do padrão geral da cobertura, provavelmente –
em nome dos patrocinadores, da audiência, do circo montado pela imprensa – iria dizer apenas: "o brasileiro tem
chances de medalha".
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