sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Entre a Coincidência do Romance com a Mítica Telenovela: o Remake de Gabriela (2012)




E esse “sabe não” na nova versão de Gabriela, hein? Soa bem. Como de resto soa a manutenção, praticamente na íntegra, da bela trilha sonora da versão de 1975. E no atacado, até que o registro geral da fala das personagens não está tão desastrado como na maioria das adaptações da Globo. Mas há coisas hilárias.

Pense!”, como exclamação imperativa, que vaza para uma frase mais longa – "pense num texto desalinhado!" – é atualmente algo bastante cearense. Vinda do interior, como o rapaz da canção de Belchior. Mas a  exclamação foi também reconvertida quase numa expressão idiomática da periferia de Fortaleza. Ressignificada. Difundida que foi, justo pelos programas popularescos, de bonecos, da TV Diário. E caiu na graça graças à predisposição anterior do Fortalezense para o rural, o que testemunha bem de onde ele veio e há pouco.  É uma expressão que todo mundo usa, independente de classe social ou grau de escolaridade. Uma espécie de senha gostosa, que só os Fortalezenses dimensionam o quanto vai de humor em pronunciá-la. É também um dos poucos momentos em que todos se encontram, porque não há classes ou etiquetas. E é engraçado ouvi-la na Ilhéus da década de 20 do século passado.
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O remake de Gabriela em 2012 conta com algumas boas surpresas. A direção de arte com externas de Ilhéus à altura da belle-époque não é a menor delas. Às vezes, contudo, a mão carrega um pouco e parece um tanto coisa de um Brasil novo-rico. Onde certa falta de talento há de ser compensada de alguma forma. E é o caso desse Bataclã art-noveau, importado de Hollywood – talvez via o bordel de Nova Orleans ao tempo de E. J. Bellocq tal como remontado em certo filme de Louis Malle (Pretty Baby, 1978); e, assim, surge tão desmedidamente suntuoso, que lembra o Theatro José de Alencar. 
No mesmo rumo vão os interiores das casas dos coronéis, que talvez ficassem melhor num meio termo entre o despojamento da versão de 1975 e o fausto, estilo império, da versão atual.¹ Nem o mais rico e envernizado coronel de Ilhéus teve casas assim profusamente decoradas, nem semelhantes civilidades à mesa, como quando a família Bastos se reúne à refeição. Eles eram homens toscos e sanguinários. Sem qualquer refinamento. Novos-ricos, pesados e grosseirões, muito mais aptos a portar uma Winchester que uma Parker. E, no entanto, extremamente leais e devotados entre si e a uma certa ética da vassalagem. O que os humaniza também contrasta com essa truculência-ambiente de potentados medievais ou donos da lei, emprestando-lhes factibilidade e voz corrente. Na atual versão, o carinhoso desvelo dedicado pelo Coronel Ramiro à neta parece ilustrar bem essa complexidade. Mas é uma gota d'água de contradição num oceano de unilateralidades.
Já no elenco, uma das melhores surpresas é Giovanna Lancellotti como Lindinalva, a filha dos donos do armarinho que acaba no Bataclã após ficar órfã. Há uma força interior nessa atriz, um salutar minimalismo de expressão, que contrasta com o mise-en-scène mais carregado dos atores brasileiros em tendência. Ou com o exagero na caracterização das personagens. E, então, ela se transfigura com inusual facilidade. O que aponta para um talento dramático como não se encontra todo dia. Vanessa Giácomo, à sua vez, propõe uma Malvina suficientemente corajosa, digna: no meio-termo entre a personagem do livro e a neurótica Elisabeth Savalla da versão '75. E há nela uma alegria que transcende a unilateralidade programática da menina rebelde. Mas se ambas, ao lado de Marco Pigossi (Juvenal), Rodrigo Andrade (Berto) e Luiza Valdetaro (Gerusa) compõem bons perfis de nordestinos da orgulhosa elite cacaueira – vividos muito curiosamente por esses jovens atores sudestinos, descendentes de imigrantes recentes – alguns veteranos não estão tão bem assim na foto eletrônica.
É o caso de Wilker como o Coronel Jesuíno. O ator cearense, que foi um excelente Mundinho, na primeira versão, insistiu, na contramão desses jovens, numa pesada caricatura. E deu com os burros n'água. Não é o único. Quase todos os veteranos, incluída a Dona Sinhazinha de Maitê Proença, seguem nesse rumo que indica um excesso de estereótipo. Uma condescendência geral em relação à ruralidade e rudeza – de costumes, mundividências – dessas personagens, e que acaba reduzindo-as à franca indulgência ou ao paternalismo de um julgamento posterior. Wilker chegou a declarar que ri bastante interiormente toda vez que diz a Dona Sinhazinha: "eu vou usar a senhora". Pois é exatamente como o seu Coronel Jesuíno, de fato, surge: um pouco ridicularizado pelo ator. Certa sutileza básica, aqui, anda em demanda, pois o importante é ressaltar sem intermitência, a qualquer custo, o máximo possível, o lado machista, patriarcal, irascível de Jesuíno. Ainda que isso custe também a sua condição humana. E o que resulta desse pré-julgamento sumário, sempre com uma careta no rosto, não passa de um vilão plano, que parece já haver matado a mulher antes de haver matado. Não uma personagem, uma personalidade complexa ainda não julgada e condenada por quem o interpreta.  E o interpreta a partir dos parâmetros e de uma ética de quase cem anos depois. Uma distância assim parece facilitar bastante as escolhas. Não há muitos remorsos e hesitações.
Esse estado de coisas impregna quase toda a malta dos coronéis. Toda ela encarnada por atores de grande fôlego, aliás, como Nélson Xavier (Coronel Altino) ou Chico Diaz (Coronel Melk). E, no entanto, mesmo a um ator acima de qualquer suspeita como Ary Fontoura (Coronel Coriolano) falta certa rudeza sem empréstimo, certa ruralidade ainda presente em Rafael de Carvalho, o Coriolano da versão de 1975. Fontoura é demasiado urbano para um coronel. E o esforço de sê-lo atira à caricatura a personagem. E, então, os outros todos coronéis assomam um tanto como gente da cidade tentando, por força, soar rural. E o ponto alto disso é a empostação de voz do Coronel Amâncio (Genézio de Barros), que é pura charge, estereotipia, modelo, tipo – e onde não se acha de fato, o homem, o humano, tal como ainda está lá no Amâncio vivido por Castro Gonzaga, trinta e oito anos antes. 
À cabeça de todos, o Coronel Ramiro Bastos, numa caracterização excessivamente alusiva ao falecido Antônio Carlos Magalhães², ficou a cargo de Antônio Fagundes. E Fagundes não se sai mal – como aliás não se saem inteiramente os demais coronéis. Mas no caso de Fagundes há um prejuízo, sem contorno: o de ser comparado a Paulo Gracindo. 
Jorge Cherques fazia o Padre Cecílio com mais postura, em 1975. Talvez sem as neurastenias um pouco efeminadas do atual (Frank Meneses), que, outrossim, não estariam mal, não fossem tão ressaltadas. Maria Fernanda punha mais da sensualidade revisitada das meias-idades na sua Dona Sinhazinha. Mas também um pouco de sutileza, fantasia, algum mais amplo devaneio, vida interior. Paulo César Pereio era um príncipe Sandra malandro sem fazer esforço. E precisava? E só a voz do velho Dr. Ezequiel (Jayme Barcellos) iria fazer qualquer novo Dr. Ezequiel preocupar-se bastante com factibilidade e performance. E havia ainda uma Zarolha a cargo de Dina Sfat, uma deliciosa Glorinha  ingênua, solícita  nas mãos de Ana Maria Magalhães, e um professor Josué a cargo de ninguém menos que Marco Nanini. Todos de uma sutileza inoxidável. Mas também de uma inocência transgressora, que queria rachar com aquele tempo de mordaças.
E, aqui, chegamos ao ponto xis de nossa tese: o sucesso da versão de 1975, se deve a uma estranha coincidência entre personagens e elenco. É como se as personagens do romance tivessem encontrado nos atores dessa primeira versão da Globo seus tipos ideais. Suas carnes e ossos. Tivessem saltado das páginas do romance e achado uma vida nesses atores, pois há algo tão expressamente da ordem da coincidência instalado na adaptação dessa história da vida privada – passada na província, polifônica, panorâmica tanto quanto o Amarcord de Fellini – que quase qualquer ulterior adaptação estaria votada ao fracasso por comparação. Depois dela, impossível não identificar personagens e atores. Eles se fundem. E fundam a grandeza desse folhetim televisivo que conheceu também em Portugal uma popularidade avassaladora:


A “Gabrielomania” espalhou-se pelo país e poucos escaparam. A Assembleia da República encerrou mais cedo para que os deputados pudessem acompanhar os últimos capítulos. Álvaro Cunhal atrasou-se para um programa de televisão por ter ficado a assistir a um episódio. O então primeiro-ministro, Mário Soares, confessou ao Sunday Times que gostava de ver Gabriela. E o fenómeno do Brasil tornou-se notícia em Portugal.
[do Blog O Jornaleiro]


E, então, o mérito dos atores, na atual versão, segue por saber aplicar-se convenientemente à proposição de tipos que, quase por um dever de ofício, devem manter-se num tênue equilíbrio entre os personagens do livro e pelo menos uma menção honrosa à encarnação deles na telenovela de 1975. Não é fácil. Mas alguns conseguem. E chega a ser surpreendente que, em geral, sejam os mais novos.
O Tônico Bastos de Marcelo Serrado, por exemplo, não tem os mesmos maneirismos, dengues, tibieza, sobrancelhas, caprichos e covardia daquele impagável Tonico de 1975. E, ainda assim, funciona a contento. E justo por propor-se a meio-caminho entre o Tonico da letra do romance de Amado e o da encarnação de Fúlvio Stefanini. O mesmo se pode dizer da Dona Marialva atual. Bel Kutner sabe explorar o estreito espaço que há para representar a esposa do truculento Coronel Melk: assustadiça, submissa, empenhada em conciliar marido e filha; mas ainda assim com algumas veleidades, aspirações, memória. Como a de ela própria, em solteira, haver lido O Crime do Padre Amaro. Afinal, só quem provou um pouco de liberdade pode, de fato, sentir sua perda.
Mas há no remake problemas sérios. Especialmente com Gabriela e Nacib, os personagens mais centrais da trama. Eles saem excessivamente maltratados dessa relação de analogia. E em algum ponto fica evidente que a camaradagem entre a Gabriela e o Turco na versão atual – apesar da maior intensidade das cenas eróticas – não consegue repor algo do fascinante frescor, da jovialidade e da cumplicidade forjados por Sônia Braga e Armando Bógus na versão de 75.
E a ausência dessa aurática sensualidade se dá por duas razões. E vendo de perto ambas tem a ver com carisma.
Primeiro, porque o Nacib de Humberto Martins é excessivamente apalermado, hesitante, sem muita iniciativa. Ora, só o que não faltava era inciativa a esses astutos sírio-libaneses do Nordeste, comerciantes espertíssimos. A lábia deles, aliás, assim como a proverbial avareza, está documentada em páginas saborosas de escritores tão diversos entre si quanto Gustavo Barroso (crônicas, memórias), Gilberto Freyre (ensaio sociológico) e o próprio Jorge Amado (romance). Além de se dar, por sinal, justo por contraste entre certa aparente falta de jeito ou bisonhice de estrangeiro, mas que, na realidade, traveste uma astúcia como não há na praça. A velocidade com que esses libaneses e sírios fizeram fortuna é antológica. E responde pelo poder que amealharam em poucas décadas, ao longo do séc. XX. E em estados como o Ceará, caso expresso da família Jereissati (Grupo Iguatemi). Mas também de toda uma numerosa comunidade que situa-se, hoje, no centro nevrálgico da elite comercial, industrial e entre os profissionais liberais. Eles estão por todas as regiões do país, destacando-se sobretudo na Amazônia, no Maranhão, na Bahia, além de, claro, em São Paulo e no Ceará. Nacib é o bisavô desse pessoal todo. E o próprio Jorge Amado vai voltar ao tema dos libaneses e sírios num romance dedicado mais estreitamente a eles: A Descoberta da América pelos Turcos (1994). Afinal, por "turcos" entenda-se esse vasto contingente de imigrantes do Oriente Médio, muito mais composto por libaneses, sírios e até mesmo armênios, do que propriamente turcos.
A presença deles, de outro modo, faz-se sentir de forma marcante também em nossa literatura, com autores da importância de Raduan Nassar (Lavoura Arcaica, Um Copo de Cólera) ou Milton Hatoum (Relato de um Certo Oriente, Dois Irmãos).
E, então, chegamos à Gabriela de Juliana Paes. E nela esse equilíbrio é ainda menos acatado. E não por uma questão de tipo físico, pois vinda do interior, a morena de Amado muito possivelmente tendia mais à mameluca ou cafuza do que à mulata do litoral. E o tipo físico mais pendendo ao indígena de Juliana Paes, não está mal. E porém a idade demanda decididamente uma atriz mais jovem. Afinal, a morena, no livro, não é mais que uma pixota, como se diz: tem 16 anos! É pouco mais que uma Lolita – embora não para os padrões daquela época, em que uma menina de 16 anos já andava atrás de casar, se já não estivesse com filho pela mão, e mais um na encomenda. Juliana Paes faz Gabriela aos 33 anos. Sônia Braga, aos 24. Como esperar que quase dez anos não pesem?
E, assim, bem se pode supor a que se deveu, em larga medida, todo o fervor da versão de 1975: o de haver recrutado para protagonista uma jovem atriz, praticamente desconhecida do público, e que era "diferente" por ser mais familiar.³ E que, por conta disso, se constituiu também no primeiro caso de protagonista na televisão brasileira, cuja beleza não era um mero decalque do tipo de beleza à europeia. Especialmente da mediterrânea, da germânica, da portuguesa. Mas, do contrário, um documento vivo de nossa miscigenação. Ou mesmo uma celebração triunfal dela. Assim foi essa primeira Gabriela. Ela era não só a mulher que, com sua beleza e sensualidade mais desabusada (embora espontânea), desafiava uma época de pesadas censuras (aqui como em Portugal, que recém-saía de décadas de salazarismo), mas era também - e sobretudo - a que encontrou em Sônia Braga sua coincidência.


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¹ Na verdade, a versão de 1975 segue-se a uma pioneira adaptação para televisão produzida em 1961 para a TV Tupi e dirigida por Maurício Sherman. Mas, ironicamente, para canonizar ainda mais a versão de 1975, as cópias dessa pioneira adaptação foram perdidas num incêndio que destruiu parte do acervo da antiga Tupi. Trazia Paulo Autran no papel de Tonico Bastos. E, aqui, não deixa ainda uma vez de ser interessante essa disposição: uma quantidade considerável de atores ítalo-paulistanos ou descendentes de imigrantes europeus mais recentes, representando nordestinos nas três versões realizadas (Autran, Stefanini, Savala, Sfat, Giácomo, Valdetaro, Pigossi, Orciolli, Linzmeyer, Marmo, Lancellotti, Rizzi, Richter, Kutner, Cavalli, Castelli, etc.)
² Antônio Carlos Magalhães (1927-2007), ex-senador da república e governador da Bahia, vulgo Toim Malvadeza. Deu as cartas na política baiana por décadas. Não era, diga-se de passagem, da região de Ilhéus, mas de Salvador. Tampouco era do tempo de Gabriela. Magalhães foi uma espécie de vice-rei de um Norte já um tanto mais amodernizado, como antes dele o foram, a seu tempo, Juarez Távora e, de modo já mais restrito à Bahia, Juracy Magalhães (não o ex-prefeito de Fortaleza, mas o integrante do movimento tenentista. Ambos udenistas e, de resto, mais ou menos contemporâneo dos sucessos de Gabriela, o romance, só que em outras latitudes). Essas caracterizações, decalcando de políticos regionais, contudo, não deixam de ser perigosas. Por reforçar, por exemplo, o estereótipo de que "o coronel", truculento e corrupto, só existe em seus desdobramentos históricos no jogo político do Nordeste, quando na realidade ele encontra herdeiros por toda parte. Impregna o país como uma praga. Por todas as regiões e estados. Da Fiesp à aldeia indígena, passando pelos departamentos universitários (não menos os de esquerda - que produzem o discurso que "analisa" e "'interpreta" o fenômeno do coronelismo), bem como pelas ONG's, ambientalistas ou não...E não se desconhece que alguns dos políticos mais suspeitos da história recente do país são do Sudeste e do Sul, como os paulistas Paulo Maluf (aliás, descendente de libaneses), Orestes Quércia, José Dirceu, ou alguns dos que passaram recentemente pela prefeitura de Campinas; os cariocas Anthony Garotinho e Sérgio Cabral, entre muitos outros, ou a crônica ligação da Assembleia Legislativa do Rio com a contravenção e o tráfico. Além de escândalos de corrupção envolvendo diversos caciques políticos do Sul; a exemplo do caso do PRTB e do Banestado, no Paraná. Se fossem devidamente apurados e noticiados, provavelmente se constataria que os maiores escândalos políticos e esquemas de corrupção estão, de fato, onde está mais concentrado o poder e a riqueza: o Sudeste e o Sul do Brasil. Não são predominantemente do Sudeste os envolvidos no escândalo do mensalão, ora em julgamento? Porém, como esses estados também detêm o controle da mídia nacional, não custa nada transferir ao Nordeste, "subdesenvolvido", também esse ônus...Ou uma espécie de "exclusividade" ou "quintessência" dele.
³Desconhecida do público adulto, mas não da meninada, pois trabalhava no emblemático Vila Sésamo, junto com Aracy Balabanian e o próprio Armando Bógus, que, depois, faria o turco Nacib. Em Vila Sésamo, no entanto, a personagem de Sônia Braga plasmava ainda algo mais da ordem da menina, ou da irmã mais velha. Apesar de carismática, não irradiava ainda toda sensualidade de Gabriela. 

NOTA POSTERIOR
Ainda na versão de 1975 há também um dado curioso: Wilker, nordestino, faz um carioca (Mundinho); enquanto os sudestinos fazem os nordestinos, e uma sulista faz Gabriela. Essa circunstância dialética, de um nordestino fazer um sudestino e os sudestinos nordestinarem-se, também tem algo a ver com o fato dessa telenovela de 1975 ser tão sintética. Quer dizer, poder ser vista como uma síntese alegórica da sociedade brasileira. Especialmente em dois aspectos, os quais essa sociedade só vai dar atenção algum tempo depois: as relações interregionais e a questão da mulher. É certo que Sônia Braga é paranaense. Mas há em Sônia Braga uma encruzilhada de mulheres. Ela parece com muita gente ao mesmo tempo. E em muitas partes: a Norte, a Nordeste, a Centro e a Sul. (E parece com o que essas gentes têm de melhor: a beleza, a espontaneidade, a sensualidade, a astúcia, a alegria. E naturalmente, ao parecer com tanta gente, ela também é única).

2 comentários:

  1. Muito, muito bom.
    Hoje mesmo, umas horas antes, eu comentava que uma das melhores coisas de Gabriela é Lindinalva.Que força essa menina, Giovanna,deu à personagem.
    Em contrapartida, Juliana Paes quase aniquilou a original e sensualmente natural Gabriela. Apalermado é mesmo o melhor adjetivo para traduzir o Nacib da versão atual.Chega a ser irritante, assim como os caricatos coronéis.
    Por outro lado adorei essa versão de Tonico e mesmo do Padre, que parece estar sempre entre a cruz e a espada(sobre sua cabeça).
    E duvido muito que o Bataclã tivesse esta roupagem que a produção lhe deu. Enfim, no caso de Gabriela assisto mesmo, embora não todo dia, para fazer comparações entre o livro e as versões televisivas.

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  2. excelentes insights, c.! e inestimável poder contar com sua leitura.

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