domingo, 26 de setembro de 2010

O oco do tempo nos favos do relógio: Celan

Sheila Hicks, Blue Letter, 1959





Mit Brief und Uhr


Wachs,
Ungeschriebnes zu siegeln,
das deinen Namen
erriet,
das deinen namen
verschlüsselt.

Kommst du nun, schwimmendes Licht?

Finger, wächsern auch sie,
durch fremde,
schmerzende Ringe gezogen.
fortgeschmolzen die Kuppen.

Kommst du, schwimmendes Licht?

Zeitleer die Waben der Uhr,
bräutlich das immertausend,
reisebereit.

Komm, schwimmendes Licht.


Paul Celan



Com Carta e Relógio


Cera,
para selar o não escrito
que adivinhava
teu nome,
que o guardava
sob cifra.

Virás agora, luz sobrenadante?

Dedos, também encerados,
através de estranhos,
dolorosos anéis extraídos.
As bordas derretidas.

Virás agora, luz sobrenadante?

Oco do tempo nos favos do relógio,
milhares de abelhas acasalam,
em ponto de partida.

Luz sobrenadante, vem.


* * *


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