sábado, 14 de novembro de 2009

Que borra será de nós?


Russell Crotty, 1996



Palhaço da Boca Verde



esqueci de perguntar

o que há entre você e o medo


entre o medo e eu

há duas décadas


entre o medo e eu

uma parábola


entre o medo e eu

duas almôndegas


entre o medo e eu

partículas sólidas


entre o medo e eu

dois nomes, a custo ditos


entre o medo e eu

tocar a própria carne


(não vê? duas personagens

o palhaço, a puta – refratam-nos


que borra será de nós

mais tarde ou cedo?)


entre eu, o medo e o sol 

o radioso cometa


de teu sorriso

descreve a elipse



* * *

6 comentários:

  1. Ruy,

    tens uma fã. eu já disse isso?

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  2. ruy,

    adorei!

    carlos.

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  3. Ótimo texto. Ah, entre o medo e eu há duas décadas.

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  4. Lindo, Ruyzinho! Quando vem nos visitar nessas bandas de cá? :-)

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  5. ruy, PQP!!!

    este é daqueles poemas q eu pagaria um mês de salário pra ter escrito!... é uma voadora nas canelas, sensacional.

    abraço,

    diego

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  6. agradeço, de cor, todos os comentários. os dos colegas que escrevem: mariana, carol, diego, carlos. assim como do colega de pós, juliano -- esse mestre em deleuze. ah, diego, e gostei dessa imagem: "uma vodadora nas canelas". reconheço q esse saiu das tripas. quer dizer, do momento em q se quer fazê-las coração.. talvez. é q há muitos talvezes neste mundo.. hehe.

    forte abraço a todos! [e você, dona mariana botelho, não invente de inverter os termos, eu q sou fã de seus pequenos poemas. aliás, disse isto primeiro. e pronto!]

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