quarta-feira, 27 de abril de 2011

Alguns humores e uma mesma lua

[s/i/c]


Três Passagens


Ao passar por Pedra Rasa, reviu o seu naufrágio. Era como abrir uma janela para o ermo. E de novo se ver na rua, a segurar-lhe a mão. As juras secretas. As flores nas janelas da pequena capela rústica. Aroma de incensos. O quarto de lua crescendo. E depois a vida que não foram eles.
Ao passar por Pedra Rasa, naufragou-se em revistas. Era como ermitar sem janelas. Ou do sobrado flagrá-los de novo: o modo como se davam as mãos. Era ela mesmo? Um pesadelo. As flores nas janelas da pequena capela rústica. Um odor entre sacro e detestável. O quarto de lua frio, desolador. A vida que até então tinha sido eles.
Ao passar por Pedra Rasa, foi como ser revisitada por dois náufragos. Uma maçada. E os dois uniam suas frustrações para descarregar sobre ela. Precisava? Aquele perfume de dez reais. Mosquitos. Ninguém merece. Flores chinfrins e uma horrenda capela. Um caco de lua. Ah, não! Nada como mudar de vida!


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