No
começo de julho de 1982, a Guerra das Malvinas havia recém-acabado. Os Estados Unidos eram governados por Ronald Reagan. Ainda havia
Appartheid na África do Sul. Sambódromo ainda não havia. Jogo da Vida era a novela das sete. Blade Runner fora lançado meio mês para trás, mas ainda não chegara ao Brasil. Elis
Regina morrera cinco meses antes. "Ebony and Ivory", com
Paul MacCartney e Stevie Wonder; ou "Morena Tropicana", com
Alceu Valença; ou "Banho de Espuma", com Rita Lee; ou "I Believe in Love", com Nikka Costa tocava
no rádio. As gírias da hora eram "joia", "de repente", "tem vaga", "broto",
"falou", "massa" e "só". E era impossível conversar
com algum mediano sucesso sem pelo menos um desses termos na frase,
embora isso hoje pareça realmente inacreditável. O inverno fora fraco. Um ano e meio
depois, Jericoacoara seria descoberta, e o mundo viraria de cabeça
para baixo. Eu cursava o segundo ano de Informática - que à época se chamava Processamento de Dados - na Universidade Federal. Mas
então eram férias. E depois do segundo semestre, em janeiro do ano seguinte, nos atacaríamos para Camocim num
Xavante sem capota. A Abertura era lenta mas graduava-se. Quando não tinha dinheiro para comprar livros, lia entre as prateleiras da Ao Livro Técnico, ali no térreo do Edifício Sul América. Em casa
recebíamos a Newsweek, e eu tinha penfriends numa porção de
países: Holanda, Estados Unidos, Argentina, Japão, Costa do Marfim... Houve
um grande eclipse lunar no dia 6. E, no dia anterior, o minguar de um
outro corpo celeste:
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