Gaetan Henrioux
Nesta
primeira metade de 2012 se foram Ivan Lessa e J.D. Salinger.
[Para
mais de Salinger em Afetivagem, AQUI]
Ivan
Lessa era a garantia de que se a semana seguia pouca inspirada nas
crônicas, tínhamos um diferencial. Uma espécie de porto seguro. E, então, era se atacar para o site da BBC Brasil, e ler a crônica de
Lessa. Ele foi dos colaboradores mais destacados do Pasquim, e um conhecedor de literatura como poucos, embora ao estilo antigo - ou seja, sem dar bandeira e amedrontar o leitor ao sublinhar isso a todo instante. Nos últimos anos, aliás, Lessa era pura nostalgia de um Rio que existia só nas décadas de 50 e 60 de sua memória. Um ambiente cortado por sambas-canções e bossas, cigarros, doses de uísque, boutades de Antônio Maria, performances de Dolores Duran ou do Tamba Trio; e algum existencialismo tropicalizado, glosado em meio a penumbra de uma boate Zona Sul. Um Rio que ele provavelmente pintava mais belo do que foi, desde uma Londres cinza e distante. Mas quem ia reclamar?
*
J.
D. Salinger, esquisitão, recluso, provavelmente teve
mais publicidade na sua morte do que gostaria. Se ele era um freak,
ou uma espécie de Greta Garbo da literatura, para que entrar no mérito?
Seu único romance (O Apanhador no Campo de Centeio) e seus parcos volumes de contos falam amplamente
por si. Falam do estilista ímpar que foi. Ele atravessou décadas como um dos autores favoritos dos escritores mais proeminentes dos Estados Unidos. Mas foi igualmente um enorme sucesso de público. Richard Yates – de quem falamos AQUI –
caracterizava Salinger como “um homem que manejava a linguagem como
se esta fosse pura energia belamente dosada, e que sabia exatamente o
que estava fazendo em cada pausa, assim como em cada palavra”.
["a man who used language as if it were pure energy beautifully
controlled, and who knew exactly what he was doing in every silence
as well as in every word"].
And
that is it.
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