domingo, 22 de julho de 2012

Como quase sempre em casos assim




havia outras garotas, do meu tempo, que eram mais parecidas com a daquela foto em que Helô Pinheiro não parece consigo. E, no entanto, mais do que não parecer com a Helô Pinheiro adulta, a adolescente da foto – de um modo bastante decidido – não é a Helô Pinheiro adulta

ela até parece mais com M. Uchôa, por exemplo. Uma garota do terceiro ano do secundário, lá do meu colégio. Ou pode ser tão prototípica como a garota da praia que o roteirista obcecado e surtado enxerga, por mise-en-abîme,  no desfecho de Barton Fink, o filme dos Coen

explico

a garota de Ipanema, como ela é uma geração adiante , sempre foi uma senhora de Ipanema, para mim. A exceção é essa foto de época, em que nem por sombras ela – de cabelos escuros, pernas trançadas, lendo uma revista na praia, o contraste entre o acobreado e o pálido na dobra superior dos seios, envergando um daqueles biquínis de talhe antigo, num allure e numa graça que não faz prefácio a qualquer balzaquiana de cabelo tingido, ou mesmo se importa em ser ou não inspiração para seja qual for canção de sucesso ou o escambau – se assemelhava com a senhora que nos era apresentada na TV. Nada da Helô Pinheiro posterior pôde macular essa garota inicial. E, logo, meio em piloto automático, também jamais assimilei a garota de Ipanema àquela senhora

seria uma espécie de desserviço à canção. (E principalmente à garota) 

como quase sempre em casos assim 




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"Garota de Ipanema", a canção, está fazendo 50 anos. E Heloísa (Helô) Pinheiro, a garota que a inspirou, 68. 


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