terça-feira, 29 de maio de 2012

É memória no fio da fumaça

Tatiana Blass

̇ No Minho, 1992 .
         
Crava o aguaceiro à janela
dedos d'água, e estria fios
de vento de invernos passados
e breves jardins surgem e
depois somem feito argumentos,
o fio de fumaça, o café. 
Velhas garagens, telhados,
varandas de sonho, o milhafre 
rasa freixos descarnados.
E fica nesta sala agora
recém entrada, seu gosto
de arejamento nada usual:
lápis livros auto-retrato
em água-forte, cegueira 
a enregelar nos dedos.
E no rádio a meio fio
contorce-se a cantiga
- e miraremo-las ondas -
de Martim Codax de Vigo. 

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