terça-feira, 22 de maio de 2012

Sigmállysson Nobody, o Seu Lunga urbano



era domingo àquela hora em que o sol escalda mais forte, e ∑llysson Nobody voltava do supermercado com as compras. ∑llysson seguia, volta e meia, trocando os sacos de uma para outra mão no intento de acomodar melhor o peso. ia catando com os olhos as ilhazinhas de sombra. sonhava chegar em casa a tempo de ver o começo do primeiro tempo. e com os lábios rogava pragas a quem inventou a matéria plástica, o sol, o fuso horário e a tv por assinatura:
-ei, moço, sabe onde fica a antônio augusto? - disse o sujeito grisalho da janela do carro, articulando pés de galinha e abrindo um pouco de olhos entre bolsas de gordura.
llysson depôs as compras na calçada, coçou a cabeça. A expressão incrédula oscilava entre a infinita doçura e um “é cilada, bino”:
-1242 da antônio augusto, moço. sab'onde é? - reincidiu o sujeito de vastas olheiras sem por favores ou obséquios, como de praxe em Fortaleza.
llysson pegou um pouco de ar ainda sem crer que acontecera com ele. o suor descendo pelas frontes, pelos lóbulos cheios de pelos, pelo pescoço tatuado:
-em primeiro lugar, ancião, moço eu não sou, como dá pra ver. em segundo, autarquia, você deve estar me achando com cara de gps. terceiramente, que nome de rua mais ridículo é esse, minha joia: antônio augusto? esse miserável não tem sobrenome, não?
o sujeito engatou logo foi uma segunda. e se foi na cantoria dos pneus joão cordeiro abaixo.

-obrigado, viu! – ainda ouviu, lá muito atrás, no engatar da terceira, o grito de ∑lisson a reenganchar a alça dos sacos nos dedos das mãos com a sacrossanta expressão de um resignado monge budista que acabara de declinar um mantra essencial para o bem-estar da humanidade.

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