sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Meu Forte





viajar, essa nova maneira de evitar o desespero. nem sempre funciona:

-ei, dona maria, sabe qu'eu queria transar – disse ele, entornando o copo.

-é nada. como? - ela disse, refestelada na espreguiçadeira vizinha.

-por trás dessa vez.

-ah, meu Deus, dá-me paciência.

ela deitou-se de bruços, a carne farta, levemente estriada, saltando em abundância das metades do biquíni.

ele retirou o biquíni, desamarrando devagar, dobrou com pachorra, cheirou em piloto automático, e pôs à mesa, sob o guarda-sol, num esticar de braço. A mão serviu o gole e, depois, às cegas, desceu até a bolsa, à base da espreguiçadeira articulada, e tirou um saco plástico, apenas tateando.

no saco havia os preservativos e os bonecos. Eram de Forte Apache, miniaturas. 

ele pôs alguns em cima de uma das metades, que tremulavam, exuberantes, um tanto matizadas por sol, e a palidez. Era quase acabamento sunburst no chassi de uma Gibson 335, pensou. Um atirador de elite ficou numa posição estratégica, dominando o desfiladeiro. E, então, um segundo grupo à base da colina. Além de uma bateria com canhão e alguns sacos de areia na jarreteira. E, avante, um pouco acima da articulação do joelho, bem junto daquela verruguinha, um tocador de tambor, alguém portando a bandeira e um grupo de mulas. Quando pôs o corneteiro, ela sentiu cócegas:

-é que às vezes eu fico um pouco impaciente – disse – e, pra falar a verdade, rezando pr'essa arrumação não chegar nos ouvidos das minhas amigas.

ele ajustava metade dos guerreiros comanches nas costas dela, na ravina, atrás das montanhas:

-besteira - disse - brincar sempre foi meu forte. 




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