terça-feira, 20 de novembro de 2012

Comprar Bravatas, Fabricar Porcarias



Voracidade e Cinema


Há o caso clássico do cigarro. O produto só começou a ser estigmatizado pelo Estado quando se constatou que os gastos da previdência com as doenças provocadas pelo tabaco eram dramaticamente maiores que os impostos ou a verba, via caixa dois, que comprava a bravata de legisladores, congressistas.¹

Mas também até a década de 1970, o grosso da população brasileira não limpava os ouvidos, a não ser externamente. E à essa altura a Johnson & Johnson e outras transnacionais da assepsia entenderam que era necessário faturar ainda mais. Fabricaram, anunciaram, venderam milhões de pequenas hastes flexíveis com chumaços de algodão nas pontas. Milhares de tímpanos estourados. As filas aumentaram na porta dos otorrinos. Até que, muitos anos depois, se constatou: aquilo de ouvidos totalmente livres da secreção não era lá muito saudável. Além disso, há o que se gastou com um produto nem sempre biodegradável: as hastes e os frascos que as acondicionavam, em plástico não reciclável; o algodão; os rótulos de papel, etc. Centenas de milhões. Um desperdício sem volta. 
Tudo isso foi alçado à condição de uma necessidade asséptica somente em nome da expansão do consumo, do lucro. Pura ganância. Quantos desses produtos que nos minam a saúde não consumimos hoje em dia? E morreremos sem saber do malefício que causam. 

Nós, as galinhas dos ovos. Nós, produtos privilegiados: porque devoramos outros produtos.

Com voracidade e cinema.




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¹E, digamos, se eles descobrirem que abortar sai mais barato e dá menos ônus ao Estado: por que não financiariam campanhas pró-aborto? É o que o PT e o governo brasileiro fazem subrepticiamente a todo instante. E os incautos vão na onda. Inclusive muita gente de boa vontade. Porém já acostumada a ir com as Marias.

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